Treasuries vão pesar sobre juros futuros brasileiros? Veja o que esperar dos títulos americanos
O cenário econômico dos Estados Unidos vem sendo alvo de olhares do mundo todo. Com os novos dados de emprego e expectativa de cortes de juros do país, os investidores estão de olho nos próximos passos.
O que também não sai da visão dos investidores são os treasuries, títulos emitidos pelo Tesouro americano para o financiamento da dívida do governo. Esses títulos também impactam na vida dos brasileiros, visto que os juros futuros vêm acompanhando a alta dos títulos americanos e do dólar.
Mas quais são as previsões para os treasuries em um 2024 imprevisível?
Passado dos treasuries
Em outubro do ano passado, o rendimento dos treasuries atingiram as maiores altas em 16 anos, quase 5% para o Tesouro de 10 anos. Hoje, o rendimento dessa modalidade é de 4,05%.
Além disso, outros dois países influenciaram no rendimento dos títulos, após venderem parte do estoque que tinham: China e Japão.
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De acordo com o analista econômico da Genial Investimentos, Lucas Farina, a China realizou esse movimento para diminuir a dependência dos EUA. Já o Japão fez por motivos internos, já que após a mudança na política monetária de controle da curva de juros, os títulos soberanos japoneses se tornaram mais atrativos.
Também, o Tesouro americano foi forçado a emitir muitos títulos para atender a necessidade de financiamento do governo e a recomposição do caixa. Essas emissões fizeram com que o preço dos títulos caísse e o rendimento disparasse.
O que esperar dos títulos americanos?
Ainda de acordo com o analista da Genial, há dois cenários possíveis para os títulos: um seguindo o cenário de “pouso suave” da economia americana e outro o de “pouso forçado”.
Sobre o primeiro, Farina diz: “caso se confirme o cenário de ‘pouso suave’ da economia norte-americana, o início do ciclo de corte de juros deve ocorrer em meados de junho, podendo até ser antecipado e intensificado caso os dados econômicos continuem a surpreender positivamente. Isso abriria espaço para a valorização das treasuries na marcação a mercado”.
Mas há outra possibilidade, a de um cenário mais radical. “Com a ocorrência de uma recessão nos EUA ao longo de 2024, o Fed cortaria os juros ainda mais do que no nosso cenário base de ‘pouso suave’, abrindo espaço para ganhos na marcação a mercado das treasuries“, explica.
As análises do Julius Baer são mais pessimistas, preferindo os corporate bonds, ou títulos corporativos. “O último compromisso orçamental significa um aumento do déficit governamental dos EUA e maiores necessidades de refinanciamento. Gostamos de nos posicionar a favor de cortes nas taxas com títulos de duração média a mais longa, preferindo títulos corporativos a títulos do Tesouro”.
Eles finalizam afirmando que, para ficar de fora dos assuntos orçamentais estadunidenses, há a preferência por títulos corporativos americanos que oferecem rendimentos decentes em termos reais.