Transporte em tempos de coronavírus
Entre as inúmeras preocupações que surgiram desde o início da pandemia do novo coronavírus está a situação dos transportes coletivos.
Enquanto usuários e trabalhadores do setor se preocupam com os riscos de contaminação, as empresas alertam para os prejuízos causados pela queda do número de passageiros.
Durante as medidas de distanciamento social, as cidades brasileiras reduziram a oferta dos transportes coletivos e, com a flexibilização da quarentena, o retorno é gradual.
A equipe do programa Caminhos da Reportagem ouviu pessoas que dependem de ônibus, metrô, trem e de barcas para se deslocar.
Conversou também com motoristas, cobradores, pesquisadores e especialistas em mobilidade. Eles falam das preocupações, dos desafios e das adaptações que têm surgido desde março deste ano. O programa vai ao ar hoje (9), às 20h, na TV Brasil.
Para o coordenador do Observatório de Mobilidade Urbana da Universidade Federal de Santa Catarina, Bernardo Meyer, o transporte coletivo traz riscos de contaminação.
“Se considerarmos o transporte aeroviário, o transporte sobre trilhos, metrô, trens e principalmente o transporte público de ônibus, nós vamos observar que eles têm uma capacidade de contaminação muito grande, porque aglomeram pessoas vindas de diferentes localidades. Elas sentam, pegam nas coisas, conversam, falam ao celular, respiram”.
O operador de segurança Gabriel Nobre mora em Samambaia, no Distrito Federal. Utiliza ônibus para chegar ao trabalho e observa que alguns usuários ainda não adotaram os cuidados necessários. “No ônibus, eu confesso que a gente fica com um pouco de medo.
Algumas pessoas ainda resistem em deixar os vidros abertos. Quem deixa de utilizar a máscara, o cobrador e o motorista tendem a pedir a utilização”.
Assim como Gabriel, moradores da Ilha de Paquetá (RJ) também se preocupam com os riscos de contaminação no transporte. Com a pandemia, a quantidade de barcas que fazem o trajeto da ilha à cidade do Rio de Janeiro foi reduzida.
“Na parte da manhã existe um aglomerado maior de pessoas que vão ao Rio para trabalhar. A barca geralmente é pequena, nunca mandam uma barca maior.
É difícil o distanciamento social nessas condições”, alega Alfredo Braga, presidente da Associação de Moradores de Paquetá.