Transmissão Paulista (TRPL4): Lucro encolhe 70% no 2T22 e vai a R$ 74 milhões
O lucro líquido da Transmissão Paulista (TRPL4) caiu 70% no segundo trimestre de 2022 ante mesmo período do ano passado, indo a R$ 74 milhões, mostra documento enviado ao mercado nesta quinta-feira (28).
Já a receita teve redução de 7,5%, somando R$ 732 milhões.
O Ebitda, que mede o resultado operacional, ficou em R$ 555 milhões, queda de 12%.
A piora é explicada principalmente pela redução de 7,5% da receita líquida, a 732,9 milhões de reais, devido à reprogramação de pagamentos da Rede Básica Sistema Existente (RBSE).
O desempenho, segundo a companhia, foi afetado principalmente por uma piora do resultado financeiro, que ficou negativo em R$ 301,0 milhões no período, um aumento 117,5% se comparado à despesa financeira do segundo trimestre de 2021.
A postergação de indenizações de RBSE às transmissoras foi determinada pela agência reguladora Aneel no ano passado, a fim de atenuar reajustes tarifários aos consumidores, e com efeito sobre o resultado das transmissoras no curto prazo.
Segundo a diretora financeira da Transmissão Paulista, Carisa Cristal, o impacto dessa reprogramação da RBSE tende a ser menor no terceiro trimestre.
“Já começamos agora a sentir nesse próximo semestre, teremos um aumento da ordem de 100 milhões de reais (de recomposição da RBSE), e no primeiro semestre do ano que vem, se repetem esses 100 milhões. A partir de julho de 2023, voltamos aos patamares normais da RBSE”, disse, em entrevista à Reuters.
Já do lado positivo, a executiva destacou no trimestre a atualização da receita anual permitida (RAP) deste ciclo tarifário pelo IPCA e a entrada em operação de novos empreendimentos de transmissão da companhia.
Em 2022, a ISA Cteep já energizou os projetos Três Lagoas (MS/SP) e Aimorés (MG) e deve concluir Paraguaçu (BA/MG) em breve. Até o fim do ano, estão previstas as entregas de Biguaçu (SC), Itaúnas (ES) e Ivaí (PR).
Leilões da Transmissão Paulista
O diretor-presidente da Transmissão Paulista, Rui Chammas, destacou que a companhia vem aumentando seu portfólio, tendo adquirido dois lotes no último leilão de transmissão em junho.
Segundo ele, a empresa já está analisando os empreendimentos dos próximos certames, principalmente os de 2023, nos quais devem ser ofertados grandes linhões para escoamento de energia gerada no Nordeste.
“Vamos continuar investindo na modernização dos nossos ativos em São Paulo e vamos analisar com muita atenção os 50 bilhões (de reais em investimentos) que estão indicados para os leilões de 2023, em princípio”, disse Chammas.
Revisão de indenização
O presidente da transmissora comentou ainda sobre a discussão recente sobre a RBSE, que poderia reduzir o saldo devedor das indenizações em cerca de 2,4 bilhões de reais, a 31,52 bilhões de reais.
“Na nossa visão, a questão… já foi definida em segunda instância na Aneel, não cabe mudar o passado. De qualquer maneira, tem o mérito para ser analisado… Como isso vai ser encaminhado, não sabemos”, disse.
O tema voltou à tona neste ano, após a divulgação, em junho, de uma nota técnica da Aneel que recomendava uma mudança no tratamento do componente financeiro da RBSE.
Uma decisão monocrática de um diretor da Aneel chegou a determinar a revisão dos cálculos, mas Transmissão Paulista e Eletrobras (ELET3) conseguiram suspendê-la na Justiça. A agência reguladora ainda vai analisar o mérito da decisão –o processo está atualmente suspenso por pedido de vista do diretor Efrain da Cruz.
“Acredito que, passada essa perturbação de processo… o tema será apreciado com o rigor que é característico da Aneel“.
Com Reuters