Transmissão Paulista (TRLP4): O que explica disparada das ações?
A Transmissão Paulista (TRLP4) chegou a figurar entre as maiores altas do Ibovespa desta terça-feira (21). Porém, o papel diminuiu o fôlego ao longo do pregão e fechou em elevação de 0,73%.
Apesar da sessão mais amena, isso não foi suficiente para apagar os ganhos dos últimos cinco pregões, quando acumulou alta de 7,23%, cifra que chama atenção para uma elétrica, visto que o setor possui pouca volatilidade.
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Tal variação despertou o interesse, inclusive, da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O volume de ação mais que duplicou entre 14 e 20 de maio, passando de R$ 96 milhões para R$ 161 milhões, alta de 171%.
A Transmissão informou que “desconhece quaisquer eventos extraordinários e/ou não divulgados que tenham resultado nas oscilações ora registradas com os valores mobiliários abaixo relacionados”.
Transmissão Paulista: E por que subiu?
Os motivos da alta também intrigam analistas que conversaram com o Money Times.
Nas últimas semanas, não houve nenhum fato relevante ou comunicado ao mercado que pudesse provocar alteração dos preços.
Lucas Sharau, assessor na iHUB Investimentos, lembra, porém, que a empresa emitiu 1 bilhão de debêntures.
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“O mercado já está projetando novas pernadas de resultado que a companhia poderá demonstrar nos próximos balanços, uma vez que ela está novamente se capitalizando por meio da emissão de novas dívidas”, explica.
A Transmissão encerrou o primeiro trimestre de 2024 com lucro líquido de R$ 409 milhões, alta de 33,7% ante o mesmo período de 2023.
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Além disso, o especialista recorda que é uma empresa que historicamente paga bons dividendos de forma perene.
“Se você for olhar também anualmente, ela pagou dividendos nos últimos 12 meses na ordem de R$ 1,30 aproximadamente por ação”, recorda.
Os analistas da Genial recordam que além dos investimentos em reparos e melhorias, a Transmissão ainda possui um grande pipeline de investimentos referentes aos novos projetos adquiridos ao longo dos últimos anos, um montante próximo de R$ 7,1 bilhões entre 2024-2028, considerando uma eficiência de capex de 20% em relação ao estimado pela Aneel.
“Ainda assim, mesmo com o pesado fluxo de investimentos à frente, a empresa mantém um fluxo de geração de caixa saudável, o que não significa que os dividendos não serão afetados. Segundo a empresa, para fazer frente ao volume de projetos, os dividendos serão mantidos no nível mínimo estipulado pela política de distribuição de lucros”, colocam.
Migração da AES?
Mas se na empresa não houve um grande acontecimento, não se pode dizer o mesmo do setor. Na quarta-feira passada, a Auren (AURE3) anunciou a incorporação dos ativos da AES(AESB3), criando a terceira maior geradora do Brasil.
Apesar de se tratarem de segmentos diferentes (Auren e AES são fortes na geração, enquanto a TRLP4 é uma transmissora), ambas as companhias possuem grande procura por dividendos.
E, de acordo com analistas, a incorporação pressionará o pagamento da Auren no curto prazo.
Segundo Marcos Duarte, analista da Nova Futura Investimentos, a operação poderia provocar uma migração de investidores da AES e Auren para empresas mais consolidadas, que entregam mais resultados e que não tem tanto problema de gestão, como a Copel (CPLE6).
“O que eu estou prevendo aqui nesse cenário, é uma fuga do investidor dessas empresas, uma redução de liquidez. E esse cenário vai se perdurar, porque o investidor vai preferir colocar o seu dinheiro em ações e em empresas que são mais sólidas, empresas mais resilientes”, explica.
Apesar disso, um analista consultado pelo Money Times classificou como pouco provável que investidores tenham debandado para a Transmissão.
“Difícil muitos acionistas terem a mesma ideia”, discorre.