Trajetória política de Massa, vitorioso do 1º turno na Argentina, deu-lhe apelido de “panqueca”; entenda
Sergio Massa, ministro da Economia de Alberto Fernández, saiu vitorioso do primeiro turno na Argentina em um resultado surpreendente.
O candidato da situação concluiu a noite de domingo (22) com 36% dos votos, contra 30% de Javier Milei, o postulante de extrema-direita que despontava como favorito na maioria das pesquisas eleitorais feitas até o último domingo.
Mas afinal quem é Sergio Massa? A professora do Departamento de Relações Internacionais da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Unifesp (EPPEN/Unifesp), Regiane Nitsch Bressan, lembra as facetas do candidato que, ao contrário de Milei, está há mais de 20 anos na política e pode ser considerado um verdadeiro “camaleão”
“Massa tem uma trajetória política longa e complexa, passando da direita liberal ao peronismo e sendo aliado e adversário do kirchnerismo ao longo dos anos”, pontua Bressan.
De acordo com análise da especialista, Massa aposta na imagem de político pragmático e conciliador para marcar oposição à figura de Javier Milei, o outsider que não comede críticas ao sistema político tradicional.
A professora da Unifesp lembra que o candidato de Alberto Fernández defende a formação de um governo de união nacional para acalmar os ânimos e encontrar soluções para a crise através do apoio da coalizão União pela Pátria.
“Massa se destaca por sua imagem de gestor habilidoso e valente para encarar situações ásperas e difíceis, bem como pela sua capacidade de gestão e negociação com os diferentes poderes”, avalia a especialista pela Unifesp.
Mas o segundo turno não será fácil para o atual chefe da Economia, dada a frágil situação do país argentino em uma área sobre a qual Massa ganhou carta branca para atuar: a economia.
Com medidas heterodoxas na economia e a passagem de uma seca devastadora, a Argentina viu a inflação disparar para a casa dos três dígitos, impondo uma desvalorização brutal à moeda nacional.
Massa: O candidato “panqueca”
A carreira política de Massa começa em 1999, aos 27 anos, quando foi eleito para o cargo de deputado provincial por Buenos Aires, através da União do Centro Democrático, um partido liberal-conservador.
Em seguida, começou a cursar direito na Universidade de Belgrano e passou a defender o peronismo, pavimentando a sua aproximação com o partido de Christina Kirchner, através do qual conseguiu se eleger prefeito da cidade de Tigre em 2007.
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Em 2009, Massa torna-se chefe de gabinete de Christina Kirchner e permanece no cargo até 2011, quando se elege novamente para o Executivo local.
Já em 2013, Massa rompe com o kirchnerismo e lança o seu próprio partido, chamado de Frente Renovadora. Naquele ano, concorreu às eleições legislativas e foi eleito deputado nacional pela província de Buenos Aires.
Em 2015, Massa chega a contribuir com os esforços para barrar o projeto que autorizaria um terceiro mandato consecutivo de Christina Kirchner. Massa chegou, inclusive, a disputar a eleição presidencial daquele ano, tendo terminado a corrida em terceiro.
Em 2019, Sergio Massa faz novo pacto com o kirchnerismo repaginado de Alberto Fernández, quando então conseguiu alcançar a presidência da Câmara dos Deputados como líder da Frente de Todos — a coalizão formada com o objetivo de derrotar Maurício Macri.
Diante de tantas reviravoltas políticas, Massa ganhou o apelido entre seus críticos de “panqueca” — uma alusão ao modo de preparo da massa.