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Trafigura vê pico do petróleo apesar de fraqueza no curto prazo

27 set 2022, 14:01 - atualizado em 27 set 2022, 14:01
Trafigura
O subinvestimento prolongado e a pouca capacidade ociosa serão testados se a demanda voltar rapidamente, disse Saad Rahim, economista-chefe do Grupo Trafigura (Imagem: flickr/Trafigura)

Há uma pressão baixista sobre os preços do petróleo no curto prazo, mas o mercado estará vulnerável a picos repentinos de preços mais à frente, de acordo com a maior trading de commodities do mundo.

O subinvestimento prolongado e a pouca capacidade ociosa serão testados se a demanda voltar rapidamente, disse Saad Rahim, economista-chefe do Grupo Trafigura.

O afrouxamento da política de Covid Zero da China pode aumentar rapidamente o consumo, provocando uma corrida por suprimentos que o mercado não poderá atender, disse ele.

“Estamos potencialmente passando de um mundo de ciclos de commodities para um mundo de picos de commodities por causa do subinvestimento que ocorreu na última década”, disse ele em entrevista à parte na conferência APPEC, 2022 organizada pela S&P Global Commodity Insights em Singapura.

O petróleo Brent, referência global, caiu cerca de 40% em relação à alta do início de março, com uma combinação de aperto monetário, temores de recessão e aumento do dólar.

Arábia Saudita e outros países, no entanto, reclamaram que a extrema volatilidade e a falta de liquidez significam que os mercados futuros estão cada vez mais desconectados dos fundamentos.

Os ventos contrários macroeconômicos manterão os preços do petróleo sob pressão no curto prazo, segundo Rahim. No momento, isso está superando os riscos no fornecimento, incluindo a ameaça de um corte acentuado nos barris da Rússia devido ao embargo da União Europeia e às consequências de longo prazo do subinvestimento, disse ele.

Se, por exemplo, o mundo precisar de mais 2 a 3 milhões de barris de petróleo por dia devido à recuperações na China ou nos EUA, os produtores terão dificuldade em encontrar esses suprimentos, pois há muito pouca capacidade ociosa, disse Rahim.

“Minha visão é que as pessoas que não estavam investindo com o barril entre US$ 100 e US$ 120 neste ano não irão investir quando ele estiver entre US$ 70 e US$ 90”, disse ele, acrescentando que a extrema volatilidade nos preços também prejudica as decisões de investimento.

Outros eventos que podem provocar uma recuperação repentina na demanda incluem a pausa no aperto do Federal Reserve, uma recuperação pós-inverno na Europa e a temporada de verão americana no próximo ano, disse ele.

Operadores de commodities como a Trafigura ficaram mais ocupados devido às ineficiências no mercado, como remessas russas precisando percorrer distâncias maiores, disse Rahim. A empresa agora está comercializando cerca de 7 a 8 milhões de barris de petróleo bruto e refinado por dia, cerca de três vezes mais do que em 2015, disse ele.

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