Tráfego nas redes EOS, Ripple e Tezos não é para transferência de valor, afirma estudo
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cornell analisa como o tráfego no blockchain das redes EOS, Tezos e XRPL ganhou atenção por conta de um artigo recente do Decrypt.
Embora o estudo afirme que cada blockchain consiga aguentar uma alta taxa de processamento, argumentou que apenas uma pequena porcentagem de transações resultaram na transferência de valor (com base em uma linha do tempo de três meses, de outubro de 2019 a janeiro de 2020).
Após uma análise mais aprofundada, os autores determinaram que cerca de 50% das transações na EOS antes de novembro de 2019 eram pequenas apostas feitas por meio de aplicações de jogos de azar.
O modelo de taxa zero do blockchain também permite que aconteça muito “wash trading” (manipulação de mercado que faz o ativo parecer ter mais demanda do que realmente tem) em corretoras descentralizadas e faz com que transações EOS “demonstrem características que lembram ataques de negação de serviço (DDoS)”.
Essa suscetibilidade de spam esteve bem evidente quando o “airdrop” (distribuição) do token EIDOS foi lançado na EOS no início de novembro. Esse token “sem valor” tomou conta de 95% da atividade da rede no final do ano e fez com que a rede EOS ficasse congestionada.
Em relação a Ripple, 96% da atividade no blockchain vem de dois tipos de transação: criação de oferta e pagamento. Cerca de 89% envios foram bem-sucedidos, mas apenas 2,2% carregam valor econômico como os autores haviam determinado (declaração não aceita pelo CTO David Schwartz).
A maioria das outras transações são IOUs (abreviatura de “I Owe You”, que seriam pedidos de empréstimo) para moedas “não nativas”, como o bitcoin, com origem de contas “aleatórias”, as quais o estudo sugerem ser, “provavelmente, as menos relevantes”.
O estudo observou que algumas contas explorariam essas transações de zero valor e que as baixas taxas da XRPL causariam spam na rede por dias.
Tezos teve uma dinâmica um pouco diferente, conforme 82% de suas transações eram “autenticações” (“endorsements”), que se refere à verificação ativa de novos blocos por produtores.
Cada bloco Tezos requer 32 autenticações para ser verificado e, já que a atividade da rede ainda é baixa, as autenticações ultrapassam o número de transferência de token ou firmamento de contratos. Embora autenticações não envolvam a transferência direta de valor, não são inúteis.
Em vez disso, são essenciais para manter o consenso da rede. Mas o número limitado de transações e contratos enviados indicam que a Tezos ainda não possui um ecossistema de aplicações ou grande caso de uso além do staking.
Moedas virtuais (VCs) obtiveram bilhões de dólares em alternativas escaláveis às redes Bitcoin e Ethereum.
Embora alguns investidores iniciais tenham gerado lucros significativos por preços de token, os dados sugerem que não há muito uso ou demanda por eles além da especulação ou, caso esteja disponível, staking.
É claro, o design de escalabilidade pode ser opcional para uma plataforma que busca pela adesão convencional, dependendo do caso de uso escolhido pela rede. No entanto, o foco em uma plataforma de alto processamento pode ser algo muito arriscado.
Conforme Aliaksandr Hudzilin, chefe de desenvolvimento comercial do NEAR Protocol, destaca: “é muito cedo [na indústria cripto]. Ninguém precisa de escalabilidade”.
Em outras palavras, tornar a plataforma favorável a desenvolvedores (fornecendo ferramentas de desenvolvimento e padrões de componibilidade) e criar uma comunidade de participantes pode compensar as capacidades técnicas no quesito importância.