Tradings de commodities têm aval para criar joint venture que deve usar blockchain
As gigantes de commodities ADM, Bunge, Cargill, Cofco, Glencore e Louis Dreyfus tiveram aprovação sem restrições do órgão brasileiro de defesa da concorrência para criação de joint venture que visa desenvolver e operar uma plataforma de digitalização de processos que deve usar tecnologia blockchain.
Segundo parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), as empresas informaram que querem usar tecnologias emergentes, incluindo também inteligência artificial, para aumentar a eficiência nos processos de execução pós-negociação em operações de commodities agrícolas comercializadas internacionalmente via portos marítimos.
A transação foi notificada também a reguladores na Ucrânia, Coreia do Sul e Polônia.
“A longo prazo, a plataforma trará maior segurança, confiabilidade, eficiência e transparência aos processos de execução ao digitalizar processos físicos relacionados a contratos, faturas, pagamentos”, disseram as empresas ao órgão do governo.
O grupo de empresas ainda avaliará a possibilidade de abrir a plataforma para novos investidores no futuro.
Está previsto, no entanto, que a plataforma será administrada por um terceiro independente, que será a única entidade que terá acesso à base de dados. Além disso, todos dados serão criptografados, e nem essa terceira parte terá acesso à senha da criptografia e aos participantes das transações.
Em sua análise, o Cade apontou que a integração vertical entre a joint venture e as empresas não deve causar impactos negativos à concorrência, uma vez que poderá aumentar a oferta de serviços de tecnologia da informação, que hoje não são utilizadas por comercializadoras de commodities.
“A presente operação não levanta maiores preocupações em termos concorrenciais”, afirmou.
As norte-americanas ADM, Bunge e Cargill fazem parte, junto com a francesa Louis Dreyfus, do chamado “ABCD” das grandes tradings de commodites, enquanto a Glencore tem sede na Suíça e a Cofco é uma estatal chinesa.