Tradings agrícolas se recuperam com demanda na China, seca
As maiores empresas de commodities agrícolas do mundo finalmente voltaram a ganhar dinheiro com negociação.
Depois de anos de baixos retornos diante de supersafras que reduziam a volatilidade necessária para impulsionar os ganhos, as estrelas parecem ter se alinhado para empresas como Archer-Daniels-Midland e Bunge.
A China acelera compras de milho e soja dos Estados Unidos, os lucros com o processamento de oleaginosas se recuperaram e a seca no Brasil valoriza os preços. Até o problemático mercado de biocombustíveis mostra melhora.
“Há uma demanda realmente forte e uma luta pela execução, então é um melhor ambiente operacional por causa da perspectiva de melhor demanda”, disse Paul Maass, CEO da trading de grãos Scoular, dos EUA. “Acho que todo o mercado sente isso”, disse em entrevista.
É uma completa reviravolta para uma indústria antes presa a margens estreitas à medida que agricultores aumentavam a capacidade de armazenamento e ganhavam acesso a mais informações, dependendo menos das tradings de grãos quando o desenvolvimento de sementes resultava em grande produtividade ano após ano.
Enfrentando lucros menores com commodities, as tradings diversificaram em vários segmentos, desde carne bovina a ração para animais de estimação, ração para peixes e hambúrgueres vegetarianos.
Os futuros da soja subiram para o maior nível em quatro anos em Chicago e, na semana passada, o trigo atingiu a cotação mais alta em quase seis anos. O milho se recuperou 36% desde cair em abril para o patamar mais baixo em uma década.
A seca, que atrasa o plantio no Brasil, também eleva os preços, já que pode obrigar clientes chineses a comprarem ainda mais dos Estados Unidos.
As tradings também se beneficiam do maior controle cambial na Argentina. Agricultores seguram a soja como hedge contra a moeda em constante desvalorização, o que desacelerou o processamento de grãos no país.
Isso ajuda esmagadoras dos EUA, cujos retornos despencaram no início deste ano devido ao impacto da pandemia de coronavírus na demanda dos restaurantes por óleo de cozinha.