Trader lucra US$ 1,1 milhão em poucas horas com a ‘memecoin’ que saltou 21.000%; questão é que ele nem é ‘humano’
A criptomoeda meme novata no mercado, Pepe, que disparou 21.000%, gerou um lucro de US$ 1,1 milhão para o trader de nome “jaredfromsubway.eth”. Apesar de os números saltarem aos olhos, a grande questão é que não foi ele quem negociou, mas sim um robô programado para executar as transações.
Além disso, as negociações sequer foram operações comuns. Trata-se de ataques a brechas que duram segundos nos contratos inteligentes da rede Ethereum, onde foi emitido a “memecoin”.
Estes ataques são chamado de “ataque sanduíche”, também conhecido como “front-running”, ou na tradução livre, “correndo na frente”. A “memecoin” pepe (PEPE) foi lançada no último domingo ( 16) e já chegou a se valorizar 21.000% nos últimos três dias, somando US$ 30 milhões em volumes de negociação na corretora descentralizada Uniswap (UNI).
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A “memecoin” chegou a atingir uma capitalização de mercado de até US$ 33 milhões na manhã de terça-feira (18), segundo dados do TradeMap e Etherscan.
Como trader lucrou US$ 1,1 milhão com a memecoin de sapo?
Para explicar o que aconteceu, é importante frisar que as negociações na rede Ethereum utilizam taxas para que sejam concluídas. Seja uma ordem de compra ou venda, toda negociação exige uma taxa onde parte é enviada aos validadores e outra parte é tirada de mercado.
Os usuários podem ajustar a margem de quanto aceitam pagar por transação. Porém, quanto maior for o preço, mais rápido a ordem será executada.
É nesse ponto que o trader lucrou US$ 1,1 milhão em poucas horas. Ou seja, em um “ataque sanduíche”, um robô identificou uma transação pendente de um usuário qualquer e escolhe o alvo.
Depois, há o envio de uma transação com uma taxa, chamada também de “gás”, mais alta para comprar a criptomoeda pouco antes do alvo escolhido, causando assim uma mudança de preço. Essa diferença, ou “spread”, é correlacionada à margem de lucro que o robô terá na venda.
Isso porque logo após enviar a ordem de compra, o robô executa rapidamente outra transação para vender a criptomoeda para o mesmo usuário que havia sido escolhido como alvo, aproveitando a mudança de preço e vendendo mais caro para ele.
Esse movimento é possível devido à transparência do blockchain, onde todas operações são públicas e semi-anônimas. Ou seja, valores e partes aparecem em registros sem que seja possível ligar à pessoa física responsável pela operação.
O “ataque do sanduíche” é altamente lucrativo em tokens de baixa liquidez, como é o caso do PEPE e outras “memecoins”, como Shiba Inu ou Doge Coin, pois os traders normalmente programam suas ordens com um “spread” mais alto, para viabilizar a aquisição.
O ataque sanduiche é muito comum no ambiente de finanças descentralizadas (DeFi) por se tratar de robôs que atuam extraindo informações do blockchain, e aproveitando de brechas nos contratos inteligentes.
A prática, legalmente não é crime, por não se tratar de um mercado totalmente regulado. Entretanto, é mal vista dentro da comunidade de criptomoedas, já que encarece as taxas da rede e prejudica os demais negociantes.
O perfil no Twitter “sealaunch.xyz”, empresa que analisa dados extraídos do blockchain, mostra como as operações foram feitas pelo trader e acompanha a saga em tempo real.
“Depois de fechar o dia de ontem com um lucro próximo a $ 1M, jaredfromsubway.eth MEV bot já está lucrando perto de $ 400K hoje”, escreveu.
After closing the day of yesterday with a profit close to $1M, jaredfromsubway.eth MEV bot is already profiting close to $400K today pic.twitter.com/VxouxAc59s
— sealaunch.xyz (@SeaLaunch_) April 19, 2023