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Trabalho híbrido e a cultura da (des)confiança

26 out 2022, 9:56 - atualizado em 26 out 2022, 9:56
Trabalho pós-pandemia
O colunista Antonio Salvador fala sobre os modelos de trabalho e seus impactos (Imagem: Maxime/Unsplash)

Com as mudanças estruturais recentes no mundo do trabalho, o avanço do trabalho de qualquer lugar ou híbrido, a sociedade como um todo precisou se readaptar.

Mas, para que isso ocorra da melhor forma possível, é necessário que haja confiança e transparência entre empregadores e colaboradores, premissa básica para que qualquer relacionamento dê certo.

De acordo com pesquisa do Instituto IPSOS, realizada com 22.500 pessoas, em trinta países, o Brasil aparece em último lugar quando o assunto é confiança no próximo (a média global foi de 30%).

São muitas as razões para explicar esse comportamento: podemos voltar à época do Brasil colonial, na qual havia uma relação conflituosa e de pouca união dos portugueses e nativos, ou até mesmo a necessidade do brasileiro em criar vínculos de confiança mediante o contato face a face. Isso faz parte da cultura brasileira e latino-americana.

Em recentes estudos da Mercer essas questões se tornaram ainda mais perceptíveis com os resultados da pesquisa Global Talent Trends 2022, realizado com mais de 11 mil pessoas, entre profissionais C-Levels, líderes de RH e colaboradores em geral.

Os dados foram claros: apesar de 6 em 10 profissionais afirmaram que querem o trabalho híbrido, 7 em 10 executivos se preocupam com impacto na cultura e performance.

Ou seja, os líderes das empresas não acreditam totalmente na eficiência e na possibilidade de um trabalho remoto ou híbrido que seja rentável economicamente para a organização.

Neste cenário, surge uma cultura de desconfiança, que impacta direto na forma como as empresas se relacionam com os seus colaboradores.

Para que isso não ocorra, é fundamental que os líderes de RH construam canais, estruturas e ferramentas de diálogo para que todos os profissionais sejam escutados e que, a partir disso, as empresas possam aprender e se readaptar, priorizando o bem-estar de todos (físico, mental e financeiro).

Como afirmei no começo desse texto, a desconfiança começa a perder força quando o relacionamento é criado à luz da ética e transparência.

Para os profissionais e líderes de RH: sejam os agentes de mudança no seus trabalho. Para isso, três dicas importantes:

  1. Seja coerente com a cultura da sua empresa. Melhor assumir que a sua cultura é presencial e olho no olho, do que tentar ser quem você não é. Construção de confiança vem com verdade, mesmo as difíceis.
  2. Use e abuse de pilotos, testes em ambientes controlados, é uma excelente forma de aprender e evoluir com segurança, e descobrir a SUA receita de sucesso.
  3. Escute e seja pertinente com os talentos que você quer atrair. Profissionais de TI, por exemplo, hoje bastante disputados no mercado, tendem a preferir modelos de trabalho com mais flexibilidade ou totalmente remotos, se quer atraí-los, melhor repensar sua forma de atuar como um todo!

Antonio Salvador é diretor-executivo da Mercer Brasil

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