Trabalhadores formais estão há 3 anos sem ganho salarial real, afirma Fipe
Os trabalhadores formais encerraram o ano de 2021 somando três anos sem ganho real em seus salários, rentabilidade obtida quando descontada a inflação, de acordo com o boletim Salariômetro divulgado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) nesta quarta-feira (26).
No ano passado, a variação mediana dos salários ficou 0,1% abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Já em 2019 e 2020, o reajuste mediano empatou com a inflação.
No acumulado do ano, o INPC acumulou 11%, mas o reajuste obtido pelos trabalhadores nas negociações coletivas foi de 9,5%, mostrando que a maior parte das correções não cobriu a inflação média.
Ainda de acordo com a pesquisa, na distribuição dos reajustes, 67,2% das negociações coletivas para o reajuste salarial dos trabalhadores do setor privado encerraram o ano de 2021 abaixo do INPC.
No ano passado, 19,7% das correções ficaram iguais e somente 13,1% superaram o índice de preços.
Em 2021, o piso dos salários foi 4,5% superior frente ao ano anterior, valendo R$ 1.332.
Por setor econômico e região, os que tiveram as maiores discrepâncias no reajuste mediano foram o ramo de serviços e a região Nordeste do país.
Para Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, os trabalhadores passam por uma combinação “ruim” de desocupação e inflação. “Com a inflação alta e atividade econômica baixa, é difícil para as empresas aumentarem o salário de seus funcionários”, afirma.
Zylberstajn ainda completa que a taxa de desemprego elevada, retira poder de barganha dos trabalhadores.
Para 2021, o professor acredita que, com as projeções da inflação acumulada em dois dígitos e a taxa de desocupação ainda elevada, o cenário no primeiro semestre deve ser o mesmo que em 2021.
Já no segundo semestre, Zylberstajn acredita que a inflação comece a cair, abrindo espaço para ganho real, “mas o cenário é incerto”, completa.
Veja a pesquisa completa: