Ciência

Toxina bacteriana pode ser utilizada como analgésico, aponta estudo

31 jan 2022, 16:17 - atualizado em 31 jan 2022, 16:17
Bactéria Antraz
Toxina da bactéria causadora do antraz tem sido estudada como uma potencial frente terapêutica para dor (Imagem: Shutterstock/Science Photo Library)

Conhecido pelo seu uso como arma biológica e até mesmo pelas graves doenças que pode causar, o antraz agora é estudado como uma possibilidade terapêutica no combate à dor.

Uma Pesquisa da Harvard Medical School em colaboração com outras instituições científicas identificou que uma das toxinas presentes na bactéria Bacillus anthracis, responsável por causar doenças infecciosas graves, pode alterar a sinalização dos neurônios sensíveis à dor.

O estudo publicado na revista Nature Neuroscience realizou testes em camundongos, combinou partes das toxinas com diferentes cargas moleculares e as direcionou a neurônios ligados aos sistemas nervoso central e periférico. Em ambos, os animais apresentaram diminuição considerável dos níveis de dor.

De acordo com Nicole Yang, pesquisadora em imunologia na Harvard Medical School e líder do estudo, a nova terapia de alívio da dor surge em um momento que a medicina se dedica a compreender novas substâncias capazes de reduzir a dor sem a necessidade de opioides.

“Nossas experiências mostram que uma estratégia, pelo menos experimentalmente, poderia ser a de atingir especificamente os neurônios da dor usando esta toxina bacteriana”, afirmou a pesquisadora ao Science Daily.

Os testes em animais foram realizados através de injeções nas espinhas inferiores de ratos, impedindo que sentissem qualquer estímulo mecânico e de alta temperatura. Outros sinais vitais, como frequência cardíaca, temperatura corporal e coordenação motora, não foram afetadas graças a precisão da aplicação das toxinas apenas nas fibras sensíveis à dor.

Dados da pesquisa demonstraram que o potencial analgésico a base da toxina bacteriana não apresentou efeitos sistêmicos generalizados, como a ativação do sistema de recompensa cerebral – responsável por causar vícios em medicamentos como os opioides.

Para Yang, com essa pesquisa, o desenvolvimento de novas frentes terapêuticas para dor abre uma nova pergunta para os cientistas. “Até onde podemos ir com os recursos naturais?”.