Opinião

Tônica da Semana: Há motivos para se preocupar?

15 abr 2019, 11:03 - atualizado em 15 abr 2019, 11:03

Por William Castro Alves, Estrategista-chefe da Avenue Securities

Começo a semana dizendo: dediquem tempo a família, aprendam novas culturas, viagem, experimentem comidas diferentes, vivam coisas diferentes! E por mais piegas que seja essa é nossa maior riqueza! É isso que vamos levar dessa vida! Estou em Barcelona meus amigos e digo uma coisa a vocês: venham visitar essa cidade! Terceira vez que piso aqui e sempre tive experiências magníficas, como a que estou tendo agora!

VOLTANDO AO MERCADO. PELO MUNDO…

Tudo muito em paz no mundo…chega até a dar medo! Seria esse “o silêncio que precede o esporro” parafraseando O Rappa?  Dá uma olhada no VIX e S&P:

Não sei o que vai acontecer, mas é fato que volta e meia esse cenário de #paz externa é abalado por alguma coisa que justifica uma realização e aumento na volatilidade em nível global. Torcer para que isso não aconteça.

Essa semana temos o início mais pesado da safra de balanços nos EUA. Algo muito aguardado pelo mercado que tenta digerir notícias de Trade War, arrefecimento pra cá, pra lá. Mas assim como tentei mostrar na Tônica da Semana Passada com a Regra de Ouro das ações, o que realmente importa é o lucro. E essa semana teremos uma bateria deles para digerir e ver se essa alta do S&P e calma do mercado se sustentam!

Outros 2 indicadores que seguem soprando ao nosso favor são o petróleo e as commodities. Alta do Oil já chega a 35% no ano! Sorte ou competência estou comprado no ETF de petróleo na parcela internacionalizada da minha carteira como sempre posto na Carteira Will.

Pra quem não lembra, sempre comento aqui, mas a correlação entre preços de commodities (vermelho)  e mercados emergentes (azul) é bastante estreita.

Semana passada também comentei que algumas casas começam a prever melhora do crescimento econômico em nível global o que obviamente também é favorável aos mercados acionários. Abaixo estimativa do Credit Suisse:

Por ora seguimos num tom bastante benéfico para os mercados externamente.

PELO BRASIL…

Mas aquele cenário favorável lá fora não encontra reflexão internamente. Veja que o desempenho do IBOV frente aos emergentes descolou bastante no curto prazo. Isso não quer dizer que vai fechar novamente, mas me chama atenção. Sempre é possível uma underperform de emergentes, algo que me parece pouco provável.

Por outro lado, o barulho e a paúra de mercado com o evento da fala do presidente sobre o preço do combustível pode se dissipar e vermos uma correção disso com nosso mercado indo pra cima. #OREMOS!

NA ECONOMIA… 

Os números estão mais pra piores do que melhores o que não ajudam em nada.

Peguei de uma matéria do Estadão:

“Pressionado pelo aumento do desemprego e da inflação da comida e também pela queda na renda, o consumo de alimentos, bebidas, produtos de higiene e limpeza dentro da casa dos brasileiros sofreu um baque neste início de ano. Em janeiro e fevereiro, houve uma queda de 5,2% no número de unidades de itens básicos comprados pelas famílias em relação ao mesmo período de 2018, aponta pesquisa da consultoria Kantar. Foi a primeira retração para o período em cinco anos.”

Recentemente o Itaú jogou seu pessimismo (ou seria realismo) na mesa com um chute pra baixo nas suas perspectivas de crescimento para esse ano de 2% para 1,3%!!

Além de uma indústria estagnada, e dados de confiança mais fracos, o Itaú incorporou a estimativa de redução de produção da Vale que tem um peso forte sobre o desempenho agregado da Oferta da industria extrativa:

Destoando disso tivemos os dados de serviços surpreendendo positivamente. Ao menos um!

PRA ACABAR…

Minha opinião sobre a fala de Bolsonaro sobre o preço do combustível:

Penso que ele foi infeliz na declaração, simples assim. O mundo acabou? Não. Existia o fantasma de uma nova greve dos caminhoneiros rondando…logo penso que o governo estava pressionado e precisava dar uma resposta para evitar um mal maior. Sigo dizendo: foi ruim, sim, mas temos que tentar ver a big picture. Penso que essa foi só mais uma canelada do capitão…dessa vez estratégica, “talquei”?!

O que esse governo não pode fazer? 

O que esse governo não pode é perder o apoio e a crença do mercado e dos liberais uma vez que já não é um governo consensual e se comunica mal. O centrão é esperto e vai pra onde a torcida mandar. Esse a meu ver é o maior risco. Os liberais cansarem, o centrão cair fora e os oposicionistas caírem matando!

O governo rasgou a cartilha liberal assumida na campanha?

Penso que não! Sigo confiante que enquanto o PG estiver no comando da economia, o barco estará indo para direção certa. Não me surpreenderia em nada o presidente voltar a trás e lançar um “veja bem”, “não é bem assim” … “agora ficou claro pra mim”, etc.

Há motivos para preocupação? 

“No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo pois eu venci o mundo”

Aflições sempre existirão, especialmente quando o assunto é renda variável, você tem que aprender a viver com elas ou simplesmente não investir. A meu ver, O que mais importa são as reformas…essas sim é que tem que andar! O impacto de uma reforma da previdência e tributária é umas 50x maior e mais relevante que um ajuste na política de preços do diesel.

Era isso.

Abraços, William Castro Alves

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