Opinião

“Tomar a nuvem por Juno”: como iludir clientes, agentes e o mercado

23 fev 2019, 20:45 - atualizado em 23 fev 2019, 22:01

Dentro da mitologia grega, o criador de cavalos Íxion se apaixona platonicamente por Hera (Juno na denominação dos romanos), mulher de Zeus (Júpiter). Divertindo-se nesta paixão oculta, após ter acolhido o mortal no Olimpo por piedade, Zeus transforma Hera na imagem de uma nuvem, para enganar o criador de cavalos. Com isso, Íxion une-se à nuvem falsa, pensando possuir a esposa verdadeira, e dá vida a raça dos centauros.

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A fábula grega serve para alertar a todos meros mortais, investidores como eu e você com alguns suados milhares no mercado financeiro, sobre a possibilidade de que interesses ingênuos podem se transvestir como algo não verdadeiro.

Milênios depois, ninguém na belíssima Grécia antiga ou Roma imperial virtuosa poderia imaginar como a nuvem se transformou em máquinas de interesses privados para acionistas, em última instância, de bancos.

Sim, bancos, supostas autoridades para falar de mercado financeiro e investimentos repletos de taxas não atraentes e fundos, “tudo para bater a meta”.

Que existe assimetria de informação em qualquer mercado na face da Terra, qualquer livro de microeconomia explica: o clássico exemplo da venda de automóveis, na qual o detentor atual do veículo possui todas as informações, restando ao comprador somente o espectro de observação, é nítido. O problema é quando o vendedor aparece como alguém isento de conflito de interesses e, mais do que isso, como alguém suposto a ajudar.

Uma situação é comprar uma camiseta e o vendedor falar que “está bonita em seu corpo”. Outra é vender algo que impactará no futuro de filhos, netos e bisnetos: investimento não é bem de consumo para empurrar no cliente a qualquer custo.

Investimento é o que sobra depois de todo um mês de trabalho árduo, contas para pagar e pessoas para ajudar. Sim, pessoas, seres humanos.

Por favor, você leitor do Money Times, não tome a nuvem por Juno. E, principalmente procure alternativas a seus investimentos em outras instituições (principalmente com corretoras independentes, mas independentes de verdade).

A luta homérica de Davi contra Golias continua, por um ambiente de investimentos transparente acima de tudo, com taxas, corretagens e clareza de intenções acima de todos.