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‘Todo mês ouço que a poupança vai acabar. Isso não vai acontecer’, diz CEO da Tegra sobre funding imobiliário

29 jan 2025, 17:46 - atualizado em 29 jan 2025, 17:46
Tegra Incorporadora
(Imagem: Reprodução/Twitter)

O CEO da Tegra Incorporadora, Ubirajara Freitas, defende que a poupança continuará sendo uma fonte essencial de financiamento para o setor imobiliário, contrariando previsões recorrentes sobre seu fim.

“Desde o meu primeiro dia, ouço que a poupança vai acabar no mês que vem. Isso não vai acontecer”, afirmou durante sua participação no Latin America Investment Conference, evento promovido pelo UBS e UBS BB nesta quarta-feira (29), em São Paulo.

A Tegra depende diretamente dos recursos da poupança por meio do Sistema de Financiamento Habitacional (SFH), que, segundo Freitas, segue como o modelo ideal para viabilizar empreendimentos de médio e alto padrão.

Apesar do avanço de produtos do mercado de capitais, como a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), ele argumenta que o SFH ainda é o mais adequado para empresas como a sua.

“Nosso negócio é diferente do das construtoras do Minha Casa Minha Vida. Exige um ciclo de produção mais longo, por isso precisamos de um financiamento adequado – e o funding do SFH tem sido o sistema perfeito”, destaca.

Criado para impulsionar a política habitacional no Brasil, o SFH utiliza os rendimentos das cadernetas de poupança e das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para oferecer crédito ao setor imobiliário.

Isso permite que as empresas obtenham financiamento a juros mais baixos, já que as taxas são reguladas pelo governo e fiscalizadas pelo Banco Central. Além disso, bancos privados também podem operar o SFH, desde que respeitem o limite máximo de juros estabelecido por lei.

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Juros mais altos afetam construtoras

Em relação ao atual cenário econômico, marcado pela alta taxa de juros e inflação elevada, Freitas ressaltou a necessidade de adaptação e resiliência.

“Eu sempre falo que a taxa de juros é um dos elementos mais importantes, mas não vou dizer que é o principal. Claro que seria muito melhor se tivéssemos uma taxa diferente, mas a realidade é que a taxa de juros está alta devido à inflação”, afirmou, apontando a emissão de capital e as políticas fiscais do governo como causas principais dessa alta.

Para o CEO, é preciso aceitar o cenário como um fato a ser superado. “Para trabalhar nesse setor não existe ‘copo meio vazio’, enquanto o pessoal faz bagunça de manhã, nos trabalhamos a noite. Vamos fazer acontecer, apesar do ambiente de cautela”

Nesse contexto, a preservação de caixa é a prioridade para a Tegra. “Nossa empresa adota um modelo de cash scheme — tudo gira em torno da preservação do caixa”, explicou Freitas. Mesmo com juros elevados, a incorporadora continua a lançar, vender e construir, desde que mantenha um fluxo de caixa saudável para suas operações.

Além disso, Freitas alertou para uma expectativa de retração no mercado imobiliário. “Já tem gente que podia comprar um imóvel de R$ 150 mil e agora vai comprar um de R$120 mil. Aqueles que podiam adquirir um de R$200 mil agora vão se contentar com um de R$170 mil”, observou, explicando que a massa de renda não cresceu no mesmo ritmo dos custos de produção, pressionando os preços dos imóveis.

‘Dois tipos de compradores’

Ele também disse que o mercado atualmente é composto por dois tipos de compradores, aquele que precisa de financiamento e o investidor que espera a queda dos juros para aproveitar uma curva mais vantajosa.

“Com os dois tipos de compradores, temos problemas nesse momento, mas temos que enfrentar o desafio”, disse o CEO da Tegra. Ele enfatizou ainda a importância de se ajustar às condições do mercado e pensar a longo prazo para garantir a saúde financeira da empresa.

Por outro lado, as construtoras que focam no público do Minha Casa Minha Vida ganham ainda mais relevância em momentos de alta dos juros, já que não sofre impacto direto das oscilações da taxa Selic.

Isso ocorre porque os recursos utilizados para os empréstimos imobiliários vêm do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que remunera os depósitos com uma taxa fixa, sem relação direta com a política monetária do Banco Central.

O cenário de juros elevados pode até reduzi ro poder de compra da população como um todo, o que pode afetar a demanda por imóveis, mas o CEO da  Direcional (DIRR3), Ricardo Valadares Gontijo, que também estava no evento do UBS, defende que, com nível baixo de desemprego, isso não está acontecendo.

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.