Tivit acelera aquisições para reforçar portfólio
A companhia brasileira de serviços de tecnologia Tivit lançou neste mês uma estratégia para acelerar seus negócios via aquisições, focando em áreas como cibersegurança e inteligência artificial em um momento em que pandemia segue forçando a digitalização de empresas.
A empresa, criada há mais de 20 anos e que hoje atua em cerca de 10 países concentrados na América Latina, reservou 400 milhões de reais para aquisições até 2025, estratégia que será liderada pela recém-formada unidade Tivit Ventures e mira os segmentos de internet das coisas, indústria 4.0 e computação em nuvem.
“O objetivo é comprar startups de software como serviço para trazermos empresas que já tenham um produto escalável para apoiarmos o crescimento”, disse Eduardo Sodero, diretor de aquisições da Tivit e que há até três meses atrás estava no comando da divisão de supermercados do app colombiano de entregas Rappi.
“Buscamos bons carros e pilotos e vamos colocar uma gasolina aditivada para que o piloto só pense em acelerar o carro dele”, disse Sodero, afirmando que a Tivit vai usar recursos próprios na estratégia e que as aquisições serão de 100% das startups ou o controle delas.
A última aquisição da Tivit ocorreu em 2019: a startup carioca Stone Age, focada em tecnologias de análise de grandes volumes de dados (Big Data) e que passou a ser uma das primeiras empresas da Tivit Ventures. Antes disso, a Tivit fez uma aquisição em 2016. O novo plano, segundo Sodero, envolve a compra de até 10 empresas por ano pela Tivit.
A estratégia foi lançada em meio à disputa entre Stone e Totvs pela empresa de software para varejo Linx, e enquanto o mercado de pagamentos do país tem passado por uma revolução, com o surgimento de centenas de empresas disputando o segmento.
Sodero afirmou que o momento do anúncio da Tivit Ventures foi uma coincidência com a disputa pela Linx e que o fundo de investimento Apax Partners, que comprou a empresa em 2010, “está satisfeito com o crescimento” que a companhia tem apresentado.
O executivo não deu detalhes sobre o desempenho financeiro da Tivit, mas afirmou que o faturamento da empresa gira em torno de 1,8 bilhão de reais.
“Cada vez mais a tecnologia está acelerando. E a Tivit entende que tem que acelerar também…para a gente complementar nosso portfólio”, disse Sodero.
Ele explicou que as soluções de tecnologia da informação estão se focando em resolver problemas cada vez mais específicos de forma cada vez mais eficiente, o que obriga a necessidade de oferta de múltiplos produtos aos clientes.
Um exemplo disso é a área de cibersegurança, que ganhou corpo este ano na Tivit. “Sempre prestamos serviços de ‘cybersecurity’, mas o mercado vem ficando cada vez mais complexo e demandando novos serviços e produtos”, disse Sodero. Ele acrescentou que esta demanda foi potencializada pela pandemia, com muitas empresas passando a ter boa parte da força de trabalho atuando em regime de home office.
Neste ano, grandes empresas do país anunciaram problemas com ataques de hackers. A mais recente foi a locadora de veículos Unidas, que afirmou na segunda-feira que sofreu um “incidente de segurança” no domingo que interrompeu o funcionamento de alguns sistemas de tecnologia.
Antes dela, a petroquímica Braskem reportou em outubro tentativa de ataque do tipo ransonware e a fabricante de cosméticos Natura&Co anunciou em junho ter sido alvo de ataque hacker..
“Com o pessoal trabalhando de casa, os riscos de ataques só aumentam”, disse Sodero. “Várias empresas têm nos procurado para ajudá-las neste momento e aí vemos a oportunidade de trazer essas novas soluções”, afirmou o executivo, se referindo aos processos de digitalização acelerados pela pandemia.