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Greta, a ativista verde, tem ajudado o mercado financeiro global

09 out 2019, 15:36 - atualizado em 09 out 2019, 23:45
O movimento começou em agosto de 2018 após a adolescente de 15 anos Greta Thunberg protestar no parlamento sueco por falta de ações relacionadas a crise climática (Imagem: Instagram Greta)

Com o movimento Sextas-feiras para o Futuro se espalhando pelo mundo, investidores de mercados emergentes compram um enorme volume de títulos verdes para limitar sua exposição ao risco – e permanecer do lado certo da história.

O movimento começou em agosto de 2018 após a adolescente de 15 anos Greta Thunberg protestar no parlamento sueco por falta de ações relacionadas a crise climática.

Greta viralizou no Instagram e no Twitter com a sua atitude e recentemente chamou a atenção do mundo ao discursar na ONU em frente as maiores autoridades do mundo.

“Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”, disse Thunberg, responsabilizando as pessoas que não fazem nada para salvar o meio ambiente pela crise.

O discurso tomou uma proporção tão grande que até o deputado federal, Eduardo Bolsonaro, se manifestou. Em seu Twitter, o político postou uma foto montada da adolescente e comentou: “‘Vocês roubaram minha infância…’ disse a garota financiada pela Open Society de George Soros”.

Países e empresas capazes de atender a critérios ambientais, sociais e de governança (ESG) para investimentos éticos provavelmente são mais estáveis e melhor administrados que outros, levando a menos riscos, avalia David Hauner, estrategista de ativos cruzados do Bank of America, em Londres.

“Se você investe em empresas ou, no meu caso, em países com melhores pontuações ESG, isso, em certa medida, protege você de colapsos ou de surpresas negativas”, afirmou Hauner.

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O Peru anunciou que está perto de realizar a sua primeira emissão de títulos verdes de dívida soberana (Imagem: Pixabay)

Na semana passada, uma incorporadora queniana captou US$ 41 milhões em sua oferta verde de estreia, e o Peru anunciou que está perto de realizar de sua primeira emissão de títulos verdes de dívida soberana. Enquanto isso, emissores do Sudeste Asiático conseguem retornos de 7 a 15 pontos-base mais baixos com a venda de títulos verdes, segundo um estudo.

Hauner recomenda títulos ESG com retornos semelhantes no Chile ou Israel em vez de títulos da China ou do Kuwait, com pontuações ESG baixas.

“Poderíamos argumentar que, em algum momento, em teoria, todo investimento seguirá os critérios ESG”, disse. “Ainda há uma enorme quantidade de crescimento pela frente.”

Países ou empresas com pontuações ESG mais altas, a longo prazo, têm spreads de crédito mais baixos, disse David Pinto, gestor de dívida de mercados emergentes da Allianz Global Investors, com US$ 619 bilhões sob gestão.

“O foco na governança ajuda a evitar defaults”, disse Pinto, de Nova York. “Isso é valor.”

A Allianz exclui os países com pior classificação de seu universo de investimentos e mantém outros países com baixa pontuação ESG em uma lista de observação, acrescentou.

“Se uma empresa estiver fazendo a coisa certa no pilar ambiental, no pilar social e no pilar da governança, vemos como positivo, o que levará a um crescimento sustentável e de longo prazo, como também solvência”, disse Pinto. “Esses países acabam sendo recompensados pelo mercado.”

Investimento verde

Especialmente em mercados emergentes, a análise ESG pode revelar informações ainda não precificadas pelos mercados, disse Graham Stock, estrategista sênior de mercados emergentes da BlueBay Asset Management, de Londres, durante uma apresentação.

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A emissão global de dívida verde pode somar de US$ 350 bilhões a US$ 400 bilhões no próximo ano

Os fatores sociais e ambientais não são corretamente precificados, especificamente no contexto das mudanças climáticas, disse.

A emissão global de dívida verde, que se concentra no investimento ambiental, pode somar de US$ 350 bilhões a US$ 400 bilhões no próximo ano, um aumento de 60% em relação ao esperado para 2019, disse Sean Kidney, presidente da Climate Bonds Initiative, em Londres. A Climate Bonds é uma organização internacional que trabalha exclusivamente para mobilizar o mercado de títulos de US $ 100 trilhões, para soluções de mudanças climáticas.

Os títulos verdes denominados em moeda forte oferecidos por empresas de países em desenvolvimento estão entre os mais procurados, afirmou.As emissões globais de títulos verdes somaram apenas US$ 170,9 bilhões em 2018, segundo o grupo sem fins lucrativos.

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