Títulos machucando mercado de ações? Fed manda seguir o jogo

Em evento do FMI, realizado junto a outros economistas e banqueiros centrais, Jerome Powell reforçou a ideia de que um aumento de juros na reunião de dezembro não está inteiramente descartada.

Segundo o presidente do Federal Reserve, o maior erro que a instituição pode cometer é fracassar no combate à inflação, não assegurando a estabilidade de preços. Além disso, o Fed está atento aos head fakes da inflação, isto é, os progressos falsos.

O tom usado por Powell deu um chega para lá aos que começavam a acreditar em uma posição mais macia da autarquia diante da política monetária mais restritiva do século: o Fed não quer correr o risco de “fazer de menos” e não hesitará em apertar mais as condições financeiras daqui em diante, mesmo que a contragosto do mercado.

Ainda sobre o tema do aperto nas condições financeiras, Powell alega que o panorama está sendo monitorado de perto pelos dirigentes, mas que a elevação do prêmio sobre as Treasuries não serão o único parâmetro a ser levado em consideração. 

A postura do banqueiro ressoa àquela da economista-chefe do FMI, que também discursou no painel. Em seu discurso, Gita Gopinath pediu aos BCs que não interrompam os ciclos de aperto, uma vez que o trabalho de controle de inflação não está ainda totalmente finalizado.

Apesar das entrelinhas mais ameaçadoras do que as lidas na semana passada, a maior parte dos observados do mercado continuam projetando uma manutenção da taxa básica de juros dos Estados Unidos na reunião de dezembro.

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Mercados torcem nariz, após fala mais dura de Powell

As falas de Powell no painel do FMI desencadearem uma piora no sentimento dos mercados acionários, com Nova York e o Ibovespa fechando o pregão em terreno negativo.

Em Wall Street, o S&P 500 encerrou a maior sequência de ganhos em mais de 2 anos, recuando 0,81%, aos 4.346,00 pontos.

Já o Nasdaq foi o índice que mais sentiu os comentários do chão do Federal Reserve, tendo deslizado 0.94%.

No mercado de Treasuries, a intervenção do dirigente elevou o prêmio sobre os principais títulos do Tesouro americano. Ao fim do dia, as taxas das T-notes de 10 anos voltam ao operar acima dos 4.6%; já os rendimentos (yields) das T-bills de 2 anos saltaram a 5.041%.