Internacional

Títulos do Equador despencam com protestos e caos político

08 out 2019, 16:35 - atualizado em 08 out 2019, 16:35
Os títulos em dólares do Equador com vencimento em 2028 mostraram a maior queda desde a emissão em janeiro de 2018, o que elevou o yield em mais de 70 pontos-base (Imagem: Pixabay)

Os títulos de dívida soberana do Equador despencaram em reação aos violentos protestos que assolam o país, forçando as principais autoridades a abandonar a capital Quito. O governo cedeu às pressões do Fundo Monetário Internacional para acabar com quatro décadas de subsídios aos preços dos combustíveis, cujos custos somam US$ 1,4 bilhão por ano.

Os títulos em dólares do Equador com vencimento em 2028 mostraram a maior queda desde a emissão em janeiro de 2018, o que elevou o yield em mais de 70 pontos-base. O presidente do Equador, Lenin Moreno, acusou a oposição de tentativa de golpe, e o ministro das Relações Exteriores, José Valencia, disse em comunicado que o governo está tentando “evitar um confronto violento em Quito”. Já o ministro da Fazenda, Richard Martinez, afirmou que o governo “está bem”.

Confira a opinião de investidores sobre a onda de violência no Equador depois da decisão de Moreno de não restabelecer os subsídios, que foram introduzidos pela ditadura militar na década de 1970.

Edwin Gutierrez, chefe de dívida soberana de mercados emergentes da Aberdeen Asset Management, em Londres:

  • “Existe um risco, que não é zero, de que Moreno esteja sob pressão e reverta o corte dos subsídios, como fez com o diesel em dezembro. Com a violência e os protestos, esse risco aumentou claramente.”

Siobhan Morden, chefe de estratégia de renda fixa para a América Latina na Amherst Pierpont Securities, em Nova York:

  • “Há muita coisa em jogo. Se o presidente Moreno restabelecer os subsídios, o programa do FMI corre risco. Isso explica por que os preços dos títulos soberanos caíram, principalmente porque os últimos protestos são de certa forma uma surpresa após a resolução da semana passada.”
  • “Como há muita coisa em jogo, o presidente Moreno vai recuar. Parece que ele ainda tem apoio das Forças Armadas, do establishment político e do setor privado.” Para Morden, os manifestantes não são vistos com simpatia pela sociedade devido à “estratégia destrutiva”.

Guido Chamorro, gestor de investimentos sênior da Pictet, em Londres:

  • “Isso é motivo de grande preocupação”, diz. Segundo ele, é muito cedo para “voltar a comprar”.
  • “Os investidores estão muito overweight, então não há compradores naturais” em um momento de baixa.

Javier Kulesz, diretor-gerente da Jefferies, em Nova York, escreveu em nota:

  • “A situação já é muito caótica, mas pode piorar amanhã.”
  • “Não é que queremos escrever um roteiro para um filme de terror, mas, e se essas políticas estiverem plantando a semente para o retorno dos ‘correistas’ em 2021, muito parecido com os kirchneristas na Argentina, que podem retornar em alguns meses?”

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