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Títulos de gênero chegam à América Latina em onda sustentável

08 dez 2019, 15:31 - atualizado em 06 dez 2019, 15:13
Os títulos, que serão vendidos no primeiro trimestre de 2020, financiarão projetos que promovam a igualdade de gênero por meio de medidas como empréstimos a empresas controladas por mulheres

Emissores na Colômbia, República Dominicana e Equador estão na fila para vender os chamados títulos de gênero. A América Latina se mostra mais receptiva ao mercado de dívida socialmente responsável, que ainda é pequeno, mas mostra rápido crescimento.

Os títulos, que serão vendidos no primeiro trimestre de 2020, financiarão projetos que promovam a igualdade de gênero por meio de medidas como empréstimos a empresas controladas por mulheres, disse Gema Sacristan, diretora de investimentos do BID Invest, o braço de investimentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que participa da estruturação das ofertas. Ela não quis identificar os emissores.

“Há mais demanda por títulos sociais e, pouco a pouco, mais investidores estão interessados em investir com perspectiva de gênero”, disse.

As emissões ocorrem em meio ao crescente interesse em títulos sustentáveis na América Latina, região que até recentemente caminhava com atraso em relação à tendência global. As emissões desse tipo de dívida quadruplicaram, para cerca de US$ 5 bilhões este ano em comparação com 2018, segundo dados compilados pela BloombergNEF. O volume ainda corresponde a menos de 2% dos US$ 380 bilhões emitidos globalmente.

No entanto, uma pesquisa da Natixis Investment Managers realizada com investidores este ano revelou que a região mostra a maior demanda por investimentos ambientais, sociais e de governança.

“Estamos em um momento na região prestes a ver muito crescimento nessa área”, disse José Luis León, diretor-gerente da Natixis na Colômbia. Segundo ele, a demanda é puxada por consumidores, que exigem mais opções socialmente responsáveis.

A dívida de gênero tem como objetivo reduzir a desigualdade no acesso das mulheres ao mercado de trabalho

Como uma subcategoria de títulos sociais, a dívida de gênero tem como objetivo reduzir a desigualdade no acesso das mulheres ao mercado de trabalho, posições de liderança e crédito mediante a concessão de empréstimos a empresas sob o comando de mulheres, que ofereçam produtos ou serviços às mulheres ou que estejam comprometidas com a promoção da igualdade, de acordo com o BID Invest.

No entanto, os títulos de igualdade de gênero ainda são incipientes, com apenas cerca de US$ 1,7 bilhão em dívida emitida entre 2017 e 2018, com emissões lideradas por empresas na Austrália, Canadá e Turquia, segundo o BID Invest.

“É necessário educar investidores institucionais e de varejo na região sobre os benefícios do investimento em gênero“, disse Sacristan. “Na América Latina e no Caribe, a demanda por dívida de empresas e bancos menores ainda precisa ser desenvolvida.”

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