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Títulos de emergentes podem causar ‘indigestão’, diz JPMorgan

25 nov 2020, 10:37 - atualizado em 25 nov 2020, 10:37
JPMorgan Bancos Empresas
“Um risco para o próximo ano podem ser valuations altos se os spreads continuarem encolhendo e pode haver períodos de indigestão se a oferta de novas emissões for muito forte.” (Imagem: Reuters/Amr Alfiky)

O dinâmico mercado de emissões de dívida de países em desenvolvimento corre risco de ser vítima de seu próprio sucesso, segundo o JPMorgan Chase.

A onda de emissões pode trazer um novo recorde em 2021, de acordo com Stefan Weiler, responsável por mercados de capitais de dívida para a Europa Central e do Leste, Oriente Médio e África do JPMorgan em Londres. Ao longo do caminho, o mercado de emissões de dívida pode ficar saturado.

“Podemos olhar para 2021 com bastante otimismo”, disse Weiler. “Um risco para o próximo ano podem ser valuations altos se os spreads continuarem encolhendo e pode haver períodos de indigestão se a oferta de novas emissões for muito forte.”

Emissores de países em desenvolvimento já venderam mais de US$ 700 bilhões em títulos em dólares e em euros no acumulado de 2020, mais do que em qualquer ano anterior, segundo dados compilados pela Bloomberg. Governos tentam reforçar orçamentos abalados pelo coronavírus depois que os juros caíram para uma mínima histórica de 3,75% em dólares e 1,37% para títulos em euros.

A vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e o otimismo com as vacinas impulsionaram ainda mais o rali. Fundos de títulos de mercados emergentes receberam US$ 3,5 bilhões apenas na semana até 18 de novembro, a maior entrada desde fevereiro de 2019, de acordo com a EPFR Global.

Em um mundo repleto de estímulos de bancos centrais, onde US$ 17 trilhões em títulos agora oferecem rendimentos negativos, investidores estão em busca de retornos, o que infla livros de ordens e permite que emissores reduzam os preços.

Apesar da turbulência política no Peru, o governo vendeu US$ 4 bilhões em títulos na segunda-feira, incluindo títulos com vencimento em 100 anos, que ofereceram o menor rendimento para papéis com esse prazo já vendidos por um governo de mercado emergente.

A Costa do Marfim emitiu dívida denominada em euros com rendimento menor do que no ano passado, apesar de sua participação no alívio da dívida do G-20 e de seu programa como o Fundo Monetário Internacional em andamento.

Romênia e Turquia

A Turquia, que emerge da recente crise cambial, aproveita a queda dos rendimentos para alongar vencimentos de dívidas em dólares e em liras. Com a emissão da Costa do Marfim e a oferta de títulos em euros da Romênia, novembro deve ser recorde em vendas na moeda única por mercados emergentes

“Os investidores têm muito dinheiro em mãos e, após as notícias das eleições e da vacina, está claro que ninguém quer ficar de fora deste rali do mercado”, disse Weiler.

As vendas de títulos soberanos continuarão em ritmo “elevado”, já que a necessidade de abordar déficits significativos se estenderá pelo menos até o primeiro trimestre do ano que vem, disse.

A Ásia deve continuar a dominar emissões primárias entre mercados emergentes no próximo ano, enquanto Weiler espera volumes menores de ofertas da Europa Central e do Leste. Vendas de países africanos vão aumentar depois de ofertas escassas neste ano, prevê Weiler.

Ele também disse que não ficaria surpreso em ver outro soberano emergente seguir o Peru com uma emissão de títulos de 100 anos no próximo ano.

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