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TIM (TIMS3): Após recusa da Telecom Italia, faz sentido KKR desistir da oferta?

08 abr 2022, 12:36 - atualizado em 08 abr 2022, 12:36
Insistir ou recuar? A Genial Investimentos dá sua opinião sobre o que a KKR pode fazer em relação à oferta inicial enviada à Telecom Italia (Imagem: divulgação)

A Telecom Italia acabou jogando um balde de água fria em cima da perspectiva de que um acordo com a KKR fosse acertado agora.

O conselho de administração da estatal italiana decidiu que não vai permitir à KKR fazer uma due dilligence (processo de estudo e avaliação detalhada de informações da empresa) da companhia.

Em comunicado, a Telecom Italia disse que a KKR não validou os termos de sua oferta inicial de € 0,505 por ação. A companhia afirmou que está aberta a reconsiderar sua decisão se a empresa norte-americana apresentar “uma oferta viável, completa e atraente”.

Esse não foi o primeiro impasse das negociações. A Vivendi, principal acionista da Telecom Italia, já tinha considerado a oferta feita pela KKR muito baixa.

KKR deve recuar?

Na avaliação da Genial Investimentos, faz sentido a KKR desistir da oferta inicial.

A corretora destaca que, com tudo o que aconteceu após o anúncio da oferta (saída de Luigi Gubitosi, entrada de Pietro Labriola, projeto de divisão da empresa em ServCo e NetCo), a KKR pode desistir de seguir com a proposta para evitar um potencial veto governamental, visto que o governo italiano tem poder de veto em qualquer transação que aflija o interesse nacional em ativos estratégicos.

E a Telecom Italia é considerada um ativo estratégico para o governo da Itália, que tem a intenção de criar uma rede única no país para evitar gastos entre empresas competidoras.

“A primeira coisa a se observar é no interesse da KKR. O que interessa de fato para o fundo são os ativos italianos, tendo em vista que ela possui participação na FiberCop (rede de telefonia fixa da Telecom Italia, envolvida com redes de fibra neutras), o que possibilitaria para ela uma maior penetração dentro da rede fixa”, afirma o analista Gabriel Tinem, em relatório divulgado nesta sexta-feira (8).

Entendendo a criação de uma rede única

Para destravar valor, a Telecom Italia assinou um acordo com o banco estatal CDP para iniciar negociações formais para combinar sua rede fixa com a rival Open Fiber.

A Open Fiber é controlada 60% pela CDP e 40% pelo grupo Macquarie. A CDP, por sua vez, representa em grande parte o governo Italiano.

A separação da Telecom Italia criaria duas vertentes:

  • a ServCo, com ativos de redes móveis (inclui TIM Brasil), plataformas de serviços e data centers; e
  • a NetCo, com ativos de renda fixa, o negócio de atacado na Itália e as operações da Sparkle.

Segundo a Genial, a controladora Vivendi parece mais interessada nos serviços de varejo da italiana. Portanto, não surpreenderia se ela removesse sua participação na NetCo.

“Com isso, a NetCo (10% do controle pela CDP) poderia potencialmente se fundir com a OpenFiber (60% de controle pela CDP)”, afirma Tinem.

“Vale lembrar que a NetCo leva em consideração a participação da Telecom Italia de 58% dentro da FiberCop, no qual a KKR também possui um stake de 37,5%. É aí que notamos um papel essencial da KKR: apesar da participação minoritária na FiberCop, o fundo americano pode ser bastante relevante nos desenlaces da transação, e o seu parecer positivo para o negócio é crucial”, acrescenta.

Se a criação de uma rede única de fato acontecer, o que sobraria da Telecom Italia seria a parte da ServCo, que ainda poderia passar por mais divisões por interesse de terceiros em adquirir determinados ativos.

Risco para TIM Brasil?

No momento, enquanto não há propostas na mesa, a Genial não vê a operação de venda da Telecom Italia impactando a TIM Brasil (TIMS3).

De acordo com Tinem, a TIM Brasil só seria influenciada caso houvesse uma troca de controle acionário da companhia e o ativamento do Tag Along.

No entanto, o analista destaca que esse é um caso delicado, com potencial para gerar ruídos.

“O caso em si é fortemente dependente de quem potencialmente exerceria a compra do controle da companhia e supostamente estaria sujeita às regras do país de listagem da empresa compradora, mas mesmo assim abre-se espaço para discussões e controvérsias”, diz.

A Genial tem recomendação de compra para as ações da TIM Brasil, com preço-alvo de R$ 18.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
diana.cheng@moneytimes.com.br
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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