Tim Brasil será ignorada por acordo com a KKR na Itália? Saiba o que fazer com as ações
Uma proposta não vinculativa de compra do fundo de private equity norte-americano KKR pela Telecom Italia fez os papéis da tele dispararem 30,25% em Milão, enquanto que os ativos da subsidiária no Brasil (TIMS3) avançou apenas 1,7%. Por que isso aconteceu?
Segundo analistas consultados pelo Money Times, esta diferença se deu porque a KKR não estaria interessada nos ativos brasileiros.
“Mesmo que não haja direitos de tag along para os minoritários da TIM, nos parece que o único interesse da KKR é nos ativos da Telecom Italia na Itália (especialmente em sua rede de fibra), não na TIM Brasil. Se a KKR for bem-sucedida em sua oferta, esperamos que ela coloque a TIM Brasil à venda”, avaliam os analistas do BTG Pactual, Carlos Sequeira e Osni Carfi.
E, mesmo que a oferta da KKR não seja aprovada, a oferta potencial por si só pode colocar pressão adicional sobre a atual administração da Telecom Italia para buscar maneiras de desbloquear valor, e vender a TIM Brasil pode ser uma delas, explicam.
Os analistas do UBS BB entendem que, caso a operação vá adiante, provavelmente haverá um debate sobre o desencadeamento de direitos de tag along para a TIM Brasil (a TI possui 67% de participação na brasileira), devido a diferentes interpretações sobre uma mudança de controle.
Leonardo Olmos, Andre Salles e Victor Ricciuti, calculam que, supondo que uma transação seja concluída e os direitos de tag along sejam acionados, existiria um potencial de valorização implícito de 21% a 30% para a TIM Brasil, considerando seu múltiplo de Valor da Empresa sobre o Ebitda de 2021 e 2022 (estimado) de 4,3 e 4 vezes e uma oferta da KKR de 5,2 vezes.
O BTG calcula que a proposta implicaria em um preço por ação da Tim de R$ 21,50, o que sugere um potencial de valorização de aproximadamente 57%.
Impasse
Além de tudo isso, segundo a Bloomberg, é provável que a Vivendi, maior acionista da Telecom Italia, bloqueie a oferta de 50,5 centavos de euro por ação feita pela KKR, que considera muito baixa, segundo pessoas com conhecimento direto da situação.
A empresa francesa, controlada pelo bilionário Vincent Bollore, vai partir para a ofensiva ao tentar destituir o CEO da Telecom Itália, Luigi Gubitosi, em reunião do conselho esta semana.
A Vivendi suspeita que a KKR pode ter sido convidada por Gubitosi, com quem o grupo francês entrou em conflito repetidamente, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.