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Thiam deixa cargo de CEO do Credit Suisse após escândalo sobre espionagem

07 fev 2020, 10:17 - atualizado em 07 fev 2020, 10:19
A espionagem do Credit Suisse veio à tona em setembro de 2019 (Imagem: Reuters/Arnd Wiegmann)

O presidente-executivo do Credit Suisse, Tidjane Thiam, deixou o cargo após uma disputa de poder com o presidente do conselho, Urs Rohner, no segundo maior banco da Suíça, devido a um escândalo de espionagem.

O banco com sede em Zurique disse nesta sexta-feira que Thiam será substituído por Thomas Gottstein, chefe dos negócios suíços do Credit Suisse.

A saída encerra um conflito entre Thiam e Rohner depois que as revelações que o banco espionou ex-executivos provocaram perguntas sobre sua cultura e gestão.

A renúncia de Thiam, efetiva a partir de 14 de fevereiro após a apresentação dos resultados do quarto trimestre e do ano de 2019, ocorreu em uma reunião do conselho na quinta-feira.

A espionagem do Credit Suisse veio à tona em setembro, quando o ex-gestor de patrimônio Iqbal Khan, depois de mudar para o rival UBS, confrontou um detetive particular seguindo ele e sua esposa por Zurique.

Thiam, de 57 anos, foi nomeado CEO em 2015, nunca tendo trabalhado anteriormente para um banco (Imagem: Reuters/Jason Lee)

Mas a saída de Thiam não evitará discussões adicionais sobre o caso no Credit Suisse. Alguns investidores internacionais se manifestaram a favor do CEO em sua batalha com Rohner e o supervisor de mercado da Suíça está investigando a supervisão do conselho de Thiam e seus principais colegas.

O conselho do Credit Suisse disse que Rohner tinha seu apoio para concluir seu mandato até abril de 2021.

Thiam, de 57 anos, foi nomeado CEO em 2015, nunca tendo trabalhado anteriormente para um banco. No Credit Suisse, o ex-presidente da Prudential se concentrou em cortar custos, reduzir riscos, diminuir o banco de investimentos para se concentrar mais na gestão de patrimônio e fortalecer o balanço.

A engenharia que gerou essa reviravolta levou a três anos de prejuízos consecutivas, mas o banco voltou a lucrar em 2018.

O que o banco descreveu inicialmente como um caso de espionagem fraudulento, administrado pelo então diretor de operações Pierre-Olivier Bouee, se ampliou à medida que surgiram detalhes de casos adicionais de vigilância.

O supervisor financeiro suíço FINMA está conduzindo sua própria investigação depois que o banco reconheceu posteriormente que havia seguido o ex-chefe de recursos humanos Peter Goerke.

Thiam disse novamente que não sabia nada sobre a vigilância.

“Eu não tinha conhecimento da observação de dois ex-colegas. Sem dúvida, perturbou o Credit Suisse e causou ansiedade e mágoa. Lamento que isso tenha acontecido e nunca deveria ter ocorrido”, disse Thiam no comunicado.

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O que o banco descreveu inicialmente como um caso de espionagem fraudulentos e ampliou à medida que surgiram detalhes de casos adicionais de vigilância (Imagem: Reuters/Arnd Wiegmann)

Gottstein

Gottstein, um importante executivo de banco de investimentos e gestor de patrimônio antes de assumir a operação local do Credit Suisse, havia sido apontado pelos analistas como um potencial sucessor de Thiam.

“Com base em sua experiência profunda e abrangente em nossos negócios e em vista de seu desempenho impressionante como chefe de nosso banco suíço e seu respeito entre nossos clientes e funcionários, Thomas Gottstein está excelentemente posicionado para liderar o Credit Suisse no futuro”, disse Rohner em uma afirmação.

Gottstein, de 55 anos, será o primeiro cidadão suíço a administrar o Credit Suisse em quase 20 anos. Ele está no banco desde 1999, vindo do rival UBS. Ele passou a maior parte de sua carreira trabalhando no mercado de capitais antes de assumir o cargo de chefe do banco suíço do Credit Suisse em 2015.