Thiago Veras: Qualidade de vida para quem?
Por Thiago Veras, Diretor de RH da Acta Holding
Participei de um outro evento nessa última semana e, mais uma vez, saí refletindo sobre os esforços que temos feito como RH.
Uma empresa apresentou um case sobre qualidade de vida. À primeira vista, tudo perfeito: massagem dentro da empresa, programa de alimentação, academia. Uma verdadeira Disneylândia do bem estar.
Estava ali mais um esforço dos meus colegas em prover benefícios e ações diferenciadas para os colaboradores, e reconheço o valor de tudo isso. Mas fico realmente desconfiado de alguns imperativos.
A pauta de “qualidade de vida” é um deles. Já parou pra pensar que o próprio termo já foi cunhado de tal forma que pressupõe um padrão, um gabarito? Se invertemos a ordem das palavras para “vida de qualidade”, aí tudo começa a fazer mais sentido para mim. Afinal, uma vida de qualidade pra mim pode ser bem diferente do que é para você.
Explico. Acredito e gosto dos benefícios da meditação, da alimentação equilibrada, da atividade física. Mas há uma imposição implícita de um modelo ideal nessa estratégia. E, nesse sentido, o efeito gerado pode ser inverso ao desejado. Quem enxerga valor nesse modelo, engaja; quem não vê benefícios, fica neutro ou desengaja.
Minha dúvida é se não estamos colocando energia no lugar errado. Você realmente conhece as pessoas da sua equipe? Hobbies? Desejos? O que seria a vida de qualidade para elas?
Ao apostar todas as fichas em modelos universais, talvez estejamos perdendo a oportunidade de conhecer genuinamente as pessoas e suas reais necessidades, a fim de oferecer algo que impacte ainda mais positivamente a experiência de todos.