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Thiago Veras: Por que as pessoas deixam as empresas?

01 nov 2019, 17:17 - atualizado em 01 nov 2019, 19:22
Já parou para pensar no quanto tentamos dar sentido às coisas, atacando causas que no fundo não são as raízes do problema? (Imagem: Pixabay)

Por Thiago Veras, Diretor de RH da Acta Holding 

Participei nesta semana de um grande evento da StartSe, o RH Day, que tinha como ambição trazer o que está rolando de mais inovador no universo de gestão de pessoas – novas tecnologias, práticas e casos de sucesso.

É impressionante observar a quantidade de empresas engajadas em endereçar os grandes desafios na gestão de RH na atualidade, por meio de tantas soluções. Tem startup pensando praticamente em todas as etapas do ciclo de um colaborador dentro de uma organização: atração, recrutamento, admissão, desenvolvimento, reconhecimento e término de contrato.

Fiquei muito feliz em observar que a pauta de gente tem ganhado cada vez mais relevância e que há muito interesse nesse tema. É gente preocupada com gente. Tem coisa mais fascinante do que isso? Ok, eu sei que soa piegas, mas esse é o tema que mais amo na vida. Então vou tentar me afastar da paixão, para propor um exercício mais crítico de reflexão.

Como disse, vi muita coisa legal — e reconheço o grande esforço de todos os meus colegas de RH em inovar e aumentar o engajamento dos colaboradores —, mas tudo muito focado em processos, na parte utilitária da coisa.

E, mais uma vez, como um lampejo, veio uma pergunta que me acompanha em quase todas as reflexões que faço sobre tudo o que vejo no mundo corporativo:

“E quantos de nossos esforços e sacrifícios são, na verdade, oferendas ao nada?”  Essa é uma frase de Nilton Bonder, do livro “A Alma Imoral”. Ela me acompanha todo santo dia na minha vida.

“Imagine-se acordando antes de ir para o trabalho. Qual a principal razão que te faz levantar para sair de casa?”, questiona Veras (Imagem: Youtube Empiricus)

Você já parou para pensar no quanto tentamos dar sentido às coisas, atacando causas que no fundo não são as raízes do problema? Quanto mais leio e vejo os resultados das pesquisas que abordam o tema de engajamento de funcionários, mais acho que o cerne da permanência ou partida de uma pessoa, em qualquer tipo de relação de trabalho, é a liderança.

Imagine-se acordando antes de ir para o trabalho. Qual é a principal razão que te faz levantar para sair de casa? Você tem vontade de levantar porque sabe que vai encontrar uma geladeira com cerveja na copa da empresa descolada-hipster-inovadora-disruptiva?

Ou porque vai usar o sistema mais foda do momento para marcação de ponto? Ou, ainda, porque está animado com a nova plataforma pensada para você escolher seus benefícios?

Bem, talvez você acredite que sejam esses mesmos os motivos pelos quais você levanta e sai para o trabalho, e está tudo bem. Mas, escutando as pessoas que estão deixando as empresas, a causa que surge quase uníssona é a relação com o gestor.

Cuidar da liderança é cuidar do engajamento, que é cuidar bem das pessoas

Contudo, você pode trucar meu argumento dizendo que, às vezes, são outras coisas que importam – salário, escopo, exposição. Faz sentido, no entanto, a pessoa está fazendo a escolha por outro líder, quando decide ir para outra empresa. Ou seja, de alguma forma, o gestor tem importante influência na decisão tomada por algum colaborador do time.

Portanto, cuidar da liderança é cuidar do engajamento, que significa cuidar bem das pessoas. Isso abre espaço para um novo tema aqui: como desenvolver o líder. Esse tópico abre horizontes infinitos para refletirmos juntos nos próximos artigos.

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