Thiago Veras: no final das contas, apenas uma coisa importa em um processo de recrutamento
Por Thiago Veras, da Acta Holding
Tenho 17 anos de experiência profissional. Comecei cedo, aos quinze anos. Já fiz algumas entrevistas de emprego, hoje sou eu quem faço com os candidatos às vagas aqui na empresa, e confesso que todas têm o mesmo padrão. De um lado, alguém que pergunta; do outro, alguém que responde.
No fundo, todo mundo quer inovar em recrutamento, mas no frigir dos ovos, é tudo a mesma coisa.
E você deve estar se perguntando: “então por que você não faz diferente? Já que está do lado de lá, do lado do recrutador…”. Eu juro que eu tento fazer diferente.
Às vezes, um novo teste em uma das etapas, um formato de entrevista diferente — já tentamos por vídeo, por competência, por setênios, colocamos mais pessoas para validar o candidato, mas sendo muito honesto — o processo continua sendo o mesmo. Só tem uma coisa que muda na equação: as pessoas que estão dentro do processo.
E, se são as pessoas que importam nessa equação, eu fico curioso em saber se existe algum padrão entre elas. Aguçando o meu interesse por encontrar esse padrão, acabei percebendo que todos os recrutadores e candidatos que admiro apresentam a mesma característica: autenticidade.
Mas como isso é traduzido em um processo? Lembro que quando fiz a minha entrevista com o Caio e o Rodolfo aqui na empresa, em um determinado momento, me segurei para não falar um palavrão, em substituição a qualquer outra interjeição que eu poderia ter usado.
O Rodolfo rapidamente disse: relaxa, aqui todo mundo fala palavrão. Embora seja um exemplo pequeno, são nesses momentos de genuína autenticidade — de ambos os lados — em que a conexão acontece.
Costumo dizer para o meu time que a busca do candidato “ideal” é a busca por uma pessoa que tenha alma e corpo conectados. Em outras palavras, gente autêntica, gente da gente. Parece papo de doido? Eu não sei se saberia me expressar de outra forma para descrever quando sinto um clique na entrevista, quando sinto que é aquela pessoa para a vaga.
É como se o sujeito estivesse a serviço dele mesmo e não a serviço do que eu, recrutador, estou procurando. Não há forçação de barra. Não há a impressão de que a pessoa está seguindo o script das dez respostas infalíveis em entrevistas de emprego, divulgadas na última revista de RH.
Encerro com nosso querido Fernando Pessoa, dando uma dica esperta para todos nós:
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.