BusinessTimes

Thiago Veras: a verdade inconveniente sobre a experiência de trabalhar nas empresas

21 nov 2019, 12:05 - atualizado em 21 nov 2019, 12:05
Ninguém parece querer abrir as portas de verdade e convidar os candidatos para conhecerem o interior das empresas, além do discurso institucional

Por Thiago Veras, da Acta Holding

Não sei se sou apenas eu que tenho essa sensação, mas, sob um olhar externo, a experiência de trabalhar na empresa X ou Y é praticamente a mesma.

O léxico das campanhas de marketing de marca empregadora é quase sempre idêntico — lugar cool, inovador, com olhar de dono, oportunidade de executar muitos projetos, autonomia, diversidade, orientação para resultados, e por aí vai. As diferenças são, no limite, bem marginais.

No fundo, as produções audiovisuais e as campanhas de marketing concentram-se única e exclusivamente no lado luz das organizações. Ninguém parece querer abrir as portas de verdade e convidar os candidatos para conhecerem o interior das empresas, além do discurso institucional. Mas há quem esteja tentando fazer diferente.

Um exemplo na contramão disso é a empresa varejista Zappos, que oferece US$ 2 mil de remuneração caso o candidato queira desistir de trabalhar na empresa após o período de integração. Nesse caso, a pessoa contratada tem a chance de vivenciar o dia a dia, sentir como é a prática do trabalho e, então, tomar a decisão, inclusive sem prejuízos financeiros.

Imagine ter a chance de saber como é a empresa de verdade no dia a dia (Imagem: Pixabay)

Aqui na Acta holding, a prática é mais simples. Meu time e eu nos forçamos a trazer para os candidatos a real do dia a dia. Sem rodeios. Sem maquiagem. Falamos como é a rotina do time, já alertando para aspectos da nossa cultura que talvez causem algum desconforto.

Claro que não é fácil falar a respeito das nossas próprias sombras. Tampouco vejo desvantagem em ser transparente sobre elas.

Imagine ter a chance de saber como é a empresa de verdade no dia a dia — quanto tempo em média um projeto leva para ser aprovado, quais são as métricas reais sob as quais as pessoas são submetidas para avaliação e pagamento do bônus, como são as relações de poder entre as áreas, quem toma a decisão no final do dia?

Ao focar os nossos esforços sobre algo mais próximo do real, da vida como ela é, estaremos também edificando a base de relações honestas. E, no final das contas, todo mundo sai ganhando com isso: quanto menor o gap entre expectativa e realidade, maior a confiança e o engajamento entre empresas e pessoas.