The Money Office: “Há pouco que o Fed possa fazer para influenciar o preço de um Honda Civic 2001”
“Há pouco que o Fed possa fazer para influenciar o preço de um Honda Civic 2001”. É com esta frase que o bastante cético Paul Donovan, economista global do UBS, resume as suas expectativas para o início do aperto monetário do Federal Reserve.
O BC americano decide sobre o rumo da taxa hoje, às 16h (horário de Brasília). Não é esperada uma elevação, mas uma sinalização de que ela aconteça no encontro de 16 de março.
“O Fed não quer forçar o crescimento abaixo da tendência (o crescimento está desacelerando de qualquer maneira). O Fed não quer forçar a inflação para baixo (a inflação cairá de qualquer maneira). Há pouco que o Fed possa fazer para influenciar o preço de um Honda Civic 2001”, analista Donovan.
Segundo ele, o Fed pode apenas querer criar condições que lhe deem crédito político para quando a inflação desacelerar.
“O Fed quer estabilizar a economia e a inflação quando o extraordinário choque de demanda do mundo pós-pandemia voltar à normalidade. Há uma grande diferença entre o caminho da política e o resultado econômico/de mercado de um “choque Volcker” espremendo a inflação para fora da economia, versus uma estabilização a níveis normais”, ressalta.
A “choque Volcker” ele se refere ao período em que Paul Volcker, presidente do Fed entre 1979 e 1987, elevou a taxa de juros ao ponto mais alto da história pra acabar com a inflação de dois dígitos.
Ou seja, o Fed hoje em dia tem pouca munição para controlar os preços.
Gustavo Kahil é fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.