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The Money Office: Brasileiros estão “agressivos” em buscar proteção e gringos caem fora

03 nov 2021, 12:11 - atualizado em 03 nov 2021, 12:25
Desde o final de julho, existe uma desconexão entre os fluxos de investidores estrangeiros e o Ibovespa (Imagem: Montagem/ Money Times)

A confusão política, que pode ter resultado em um controle da economia menos rígido, assustou os investidores brasileiros e fez com que os gringos fossem embora nas últimas semanas.

“Os investidores buscaram proteção agressivamente nas últimas semanas”, avaliam os analistas do BTG Pactual Carlos Sequeira, Osni Carfi, Bruno Lima e Luiz Temporini.

O índice de Short atingiu seu maior nível em 12 meses, enquanto a relação Put/Call do Ibovespa (IBOV) saltou bem acima da média dos últimos dois anos.

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Gringos caindo fora

O BTG lembra que, embora a entrada de investidores estrangeiros permaneça forte no acumulado do ano, os níveis de alocação aqui estão
caindo.

“O Brasil se beneficiou, assim como o resto do mundo, de ampla liquidez global durante a pandemia, com fundos GEM (Global Emerging Markets) e Globais levantando valores recordes em 2021 (e o ano ainda não acabou). Mas os níveis de alocação foram para o outro lado. Com mais tensão política no país e preocupações renovadas com a política fiscal, os níveis de alocação estão baixos no ano, e despencou em setembro (principalmente fundos GEM e LatAm)”, relatam.

Os analistas explicam que, desde o final de julho, existe uma desconexão entre os fluxos de investidores estrangeiros e o Ibovespa, com o fluxo registrando arrecadação de R$ 14 bilhões, mas o índice despencando 14,2%.

“Nos últimos dias, o Ibovespa caiu fortemente devido ao maior risco fiscal e político e o fluxo de investidores estrangeiros parece ter uma tendência semelhante ao CDS”, indicam.

De 1º a 26 de outubro, enquanto o CDS (diferença entre os títulos públicos de 10 anos americanos e o brasileiro, quanto mais alto, pior) aumentou 21 pontos-base, o fluxo de entrada de estrangeiros foi de R$ 11,2 bilhões.

“Normalmente, essas métricas são opostas. Desde 26 de outubro, o CDS saltou 16 pontos-base, mas desta vez vemos as coisas de forma diferente, com fortes chances de que nos próximos dias os fluxos de investidores estrangeiros mudem de direção, com recursos saindo do Brasil”, concluem.

Gustavo Kahil é fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.