Teto de gastos: Como medidas podem alavancar o desempenho de times de futebol no Brasil, como o Flamengo
Com a implementação de novas formas de administração de clubes de futebol, como SAF, e, principalmente, novas fontes de captação de recursos, algumas equipes têm se destacado não somente na forma esportiva, mas também financeiramente, causando um desiquilíbrio técnico.
Flamengo e Palmeiras têm sido figurinhas carimbadas nas primeiras colocações da tabela do Campeonato Brasileiro, além de terem disputado, nos últimos anos, finais de Copa Libertadores, Copa do Brasil e campeonatos estaduais.
O time paulista venceu a principal competição do continente nos últimos dois anos e o carioca disputa no fim deste mês sua terceira final em quatro anos. Além de vencer esta semana a Copa do Brasil.
Implementação do fair play financeiro no Brasil e o exemplo de outras modalidades
Para o CEO da Win the Game, Claudio Pracownik, a regulamentação do fair play financeiro “já passou da hora” de ser implementada nos clubes brasileiros. E deveria ter vindo junto com a implementação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), diz.
“É uma forma de preservar os clubes. Deveria existir para todos, sendo ele SAF ou não. O nosso futebol precisa de práticas de governança e de boa gestão”, avalia.
O fair play financeiro basicamente é a regularização com sanções esportivas da boa administração de um clube. Fica estabelecido, de forma geral, que um time de futebol não pode gastar mais do que arrecada ou fazer dívidas que não pode pagar.
“É uma tentativa de os clubes terem uma organização mais responsável sobre os gastos”, diz o advogado e diretor jurídico da Biolchi Empresarial, Flavio Ordoque.
Dessa maneira, as equipes ficam obrigadas a regularizar suas contas e, com o tempo, podem ter um controle esportivo melhor.
“O Palmeiras chegou a cair [para a segunda divisão do Brasileiro] e depois foi se fortalecendo. São dois times que tomaram remédios amargos lá trás”, observa o CEO da Win the Game, empresa que atua na área de esporte e entretenimento e é braço do BTG Pactual.
Teto de gastos além do fair play
Outra medida utilizada em outras ligas e que poderia ser benéfica é a do teto de gastos e distribuição igualitária dos rendimentos do campeonato como um todo. Comum nos campeonatos da NBA (liga de basquete americano) e NFL (liga do chamado futebol americano), alguns campeonatos de futebol como o inglês passaram a adotar as medidas.
Dessa maneira, existe um teto, uma quantidade máxima que um time pode gastar com contratações e salários independentemente do sucesso esportivo, além de um piso de arrecadação para todos os membros do campeonato, valor ligado à participação e não ao gosto ou desempenho.
Equilíbrio no futebol
O advogado da Biolchi Empresarial acredita que, para que os clubes e as competições nacionais sejam parelhos, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), junto aos times, organiza a criação de uma liga em que os direitos de transmissão teriam uma distribuição mais igualitária.
“É preciso. A exemplo disso, o Flamengo recebeu R$ 180 milhões este ano de direitos de transmissão. Enquanto o Internacional e o Grêmio receberam entre R$ 30 a R$ 40 milhões. E o Juventude recebeu R$ 400 mil”, observa.
Para que o fair play seja incorporado pelos clubes brasileiros, é preciso também mudar a cultura, acrescenta Pracownik. Segundo ele, falta de vontade de alguns deles.
“A depender da posição do clube na tabela, principalmente no Campeonato Brasileiro, não há com o que se preocupar. E assim, nasce essa disparidade entre os times. Eu vejo a lei das SAFs como início dessa mudança cultural. O projeto vira uma página de governança, de profissionalização no ecossistema do futebol”, finaliza.
*Colaborou Matheus Caselato
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