Teto da dívida x teto de gastos: qual vai subir no telhado?
Brasil e Estados Unidos enfrentam um problema de sustentação de suas “casas”. Porém, ao invés de ser uma falha que vem desde o alicerce, os riscos estão no teto. Ainda assim, o perigo é de a casa cair, levando os mercados ladeira abaixo.
A analogia faz alusão à origem da palavra Economia, que está relacionada ao lar. O elemento “eco” vem do grego oikos, que significa “casa”, enquanto o sufixo “nomia” exprime “normas, leis e regras”. Portanto, a ciência econômica trata da administração de um lar – no caso, de um país.
Teto vai ruir ou subir?
E é essa discussão que está em curso tanto em Brasília quanto em Washington. De um lado, está em pauta a regra que irá substituir o teto de gastos. De outro, tenta-se elevar o teto da dívida.
Enquanto a proposta do novo arcabouço fiscal avançou no Congresso, após aprovação na Câmara, republicanos e democratas ainda tentam costurar um acordo até meados de junho.
Porém, os investidores confiam que o shutdown da Casa Branca será evitado, assim como um calote dos EUA não acontecerá. Da mesma forma, também dão como certa o aval final dos senadores à proposta do governo Lula.
Mercados se antecipam
Até por isso, os mercados só devem reagir às decisões políticas caso haja sinais concretos de revés já “nos acréscimos do segundo tempo”. Enquanto isso, uma onda de otimismo impulsiona o Ibovespa (IBOV) e derruba o dólar, ao mesmo tempo em que os juros futuros retiram prêmios.
Tudo isso diante da expectativa de cortes na taxa Selic em breve. “O mercado local vem apresentando impulso relevante com as mudanças de perspectiva de juros e a redução dos ‘riscos de cauda’ em relação ao fiscal”, resume o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa. Porém, ele pondera que esse movimento doméstico não será linear.
Ao contrário, tende a haver volatilidade. Afinal, o cenário externo importa e, lá, o buraco pode estar mais embaixo – e não em cima. “Existem teorias de que a extensão do teto da dívida dos EUA retira um risco no curto prazo, mas irá drenar liquidez dos mercados no longo prazo.”
Ou seja, pode haver um teto – no caso, um limite ou uma restrição – ao bom desempenho dos ativos de risco globais nas próximas semanas, quiçá meses, alerta o gestor. Portanto, embora não pareça, os negócios locais podem ter um fim trágico, com os planos de queda do juro básico subindo no telhado, ainda que no momento esteja faltando apenas uma confirmação oficial por parte do Banco Central.