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Testes com anticorpos da AstraZeneca indicam eficácia contra variantes

23 fev 2021, 8:39 - atualizado em 23 fev 2021, 8:39
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Embora as vacinas possam proteger a população em geral contra doenças, o sistema imunológico de cada indivíduo nem sem sempre responde adequadamente (Imagem: Pixabay)

O coquetel de anticorpos contra a Covid-19 da AstraZeneca mostrou eficácia contra variantes do coronavírus em testes iniciais, um dado potencialmente importante para grupos vulneráveis que não podem ser vacinados.

A combinação de anticorpos monoclonais obtidos de pacientes convalescentes de Covid-19 mostrou resistência contra as novas cepas identificadas pela primeira vez no Reino Unido e na África do Sul em extensos testes de laboratório, disse Mark Esser, responsável por ciências microbianas da Astra. A notícia é particularmente útil, já que o processo de recrutamento agora é mais lento em meio ao sucesso das vacinas.

Embora as vacinas possam proteger a população em geral contra doenças, o sistema imunológico de cada indivíduo nem sem sempre responde adequadamente.

Pessoas de alto risco, como pacientes com câncer, podem precisar de medicamentos como anticorpos monoclonais que neutralizam o vírus e imitam a resposta imunológica necessária para evitar a infecção. A Astra está realizando cinco ensaios de anticorpos em estágio avançado, com foco em prevenção e tratamento.

A Astra havia planejado originalmente testar os anticorpos em idosos porque esse grupo geralmente não responde tão bem às vacinas contra a gripe, mas uma reação melhor do que o esperado de adultos com mais idade aos imunizantes contra a Covid levou a empresa a se concentrar mais em indivíduos de alto risco, e os primeiros dados são esperados para meados do ano, disse Esser.

O rápido ritmo de vacinação nos EUA e no Reino Unido “nos desacelerou um pouco. É um bom problema para se ter”, disse Esser. “O outro desafio é que as pessoas que já se inscreveram em nossos estudos estão desistindo para se vacinar.”

A empresa recrutou cerca de 3.000 pessoas de um alvo de 5 mil participantes em um ensaio sobre prevenção, e metade em um estudo com 1.125 pessoas que examina o impacto dos anticorpos depois que alguém foi exposto ao vírus em ambientes como asilos. Os três outros estudos com foco no tratamento da doença incluem casos de Covid-19 tanto em pacientes internados quanto ambulatoriais.

Oferta x demanda

A gigante farmacêutica do Reino Unido fechou um acordo no ano passado para fornecer até 100.000 doses dos anticorpos para os EUA a partir do final de 2020, com opção de aquisição de mais um milhão em 2021. Mas agora esse volume não será entregue até que a empresa tenha resultados, de acordo com um porta-voz da Astra. O Reino Unido também concordou em comprar um milhão de doses em dezembro.

Embora a produção de vacinas possa ser aumentada mais facilmente, só é possível produzir vários milhões de doses de anticorpos monoclonais anualmente, de acordo com Esser. Isso significa que a demanda pelo coquetel pode ultrapassar consideravelmente a oferta se for comprovado que funciona.

Outras empresas também trabalham em projetos semelhantes. Um anticorpo neutralizante da Eli Lilly obteve aprovação emergencial nos Estados Unidos em novembro como tratamento para pacientes com alto risco de progredir de um caso leve a grave ou hospitalização.

A Lilly também fechou uma parceria com a GlaxoSmithKline e a parceira Vir Biotechnology no mês passado para testar uma combinação de seus anticorpos diante da nova ameaça de variantes.