Tesouro vai manter leilões extraordinários de títulos até fim de junho
O Tesouro Nacional anunciou que continuará fazendo, até o final de junho, leilões extraordinários de venda e recompra de títulos públicos. Ao longo da próxima semana, os leilões serão diários, mas depois o órgão avaliará se mantém ou reduz a frequência das operações. O anúncio foi feito pelo subsecretário da Dívida Pública, José Franco Morais, durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (8). Ele também confirmou o cancelamento dos leilões tradicionais de títulos NTN-B, que ocorreriam semana que vem.
“Os objetivos desses leilões extraordinários são retirar o excesso de risco e prover referência de preços em momentos de elevada volatilidade”, afirmou Morais. A operação é parte de uma estratégia conjunta do Tesouro e do Banco Central de atuação tanto no mercado de câmbio quando no de títulos, conforme anunciou ontem (7) o presidente do BC, Ilan Goldfajn, com injeção de R$ 20 bilhões para segurar a moeda norte-americana.
Desde o dia 28 de maio até agora, já foram realizados nove leilões extraordinários, segundo o Tesouro. As operações somam R$ 4,3 bilhões em recompra de títulos e R$ 183 milhões em venda. Estão sendo negociados a recompra e a venda de Notas do Tesouro Nacional, Série F (NTN-F), que são títulos pré-fixados com resgate em 2023, 2025, 2027 e 2029.
Morais ressaltou, no entanto, que o patamar máximo de novos títulos públicos que o governo se propõe a vender, apesar do apetite do mercado, é de R$ 300 milhões. Segundo ele, isso se deve ao alto valor da taxa de juros que remuneram os títulos. “Considerando as taxas atuais praticadas no mercado, o Tesouro não tem interesse em emitir títulos longos [de longo prazo], seja pré-fixado ou indexado ao IPCA”, afirmou.
Ainda segundo o subsecretário, desde ontem, o governo está divulgando as informações detalhadas de cada leilão, como os valores das ofertas e o resultado dos negócios (recompra e venda). O estoque para emissões de papéis da dívida pública está atualmente em cerca de R$ 570 bilhões, o que daria, segundo Morais, uma autonomia de 8 meses a 9 meses para o governo atuar no mercado de títulos públicos.
Câmbio flutuante
Questionado sobre o momento de alta volatilidade no mercado de câmbio, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, ressaltou que as condições do país são mais favoráveis do que no passado. “O Brasil de 2018 é muito diferente quando a gente olha para a questão de taxa de juros, inflação e dívida pública. Em 2002, quando a nossa moeda perdia valor, imediatamente a dívida líquida do setor público aumentava. Não é o caso agora, o Brasil é um país com déficit em conta-corrente que está caminhando para zero, não temos nenhuma pressão no balanço de pagamentos. O setor público é credor líquido em dólar; quando o dólar fica mais caro, a dívida líquida do setor público cai”, argumentou.
O secretário do Tesouro defendeu a política de câmbio flutuante e disse que o valor de equilíbrio do dólar será definido pelo próprio mercado. “O Banco Central atua para reduzir a volatilidade. Quem define o valor taxa de câmbio de equilíbrio [do dólar] é o mercado”.