Tesouro do Reino Unido e BoE atuam juntos para acalmar mercados
O Reino Unido intensificou os esforços para evitar o contágio do mercado financeiro além de um segmento de US$ 1 trilhão no setor de pensões, após medidas anunciadas pela primeira-ministra Liz Truss que preocuparam investidores.
O ministro das Finanças do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, disse que planeja entregar sua estratégia fiscal juntamente com as previsões para a economia endossadas pelo órgão fiscalizador do orçamento em 31 de outubro, quase um mês antes do planejado. E o Banco da Inglaterra estendeu as medidas de emergência que apoiam o mercado de títulos até o início do próximo mês.
As ações fazem parte do esforço do governo para recuperar a confiança de investidores. O pacote de estímulo não financiado de 45 bilhões de libras esterlinas de Kwarten afetou o programa de combate à inflação do BoE e levou a uma onda vendedora de ativos denominados em libras esterlinas no mês passado.
“É extraordinário”, disse Joshua Raymond, diretor da corretora financeira XTB. “Intervenções no mercado desse tipo por parte do banco central não são normais.”
Kwarteng e o presidente do BoE, Andrew Bailey, viajam nesta semana a Washington para as reuniões do Fundo Monetário Internacional, que tem criticado o programa fiscal do Reino Unido.
Kwarteng estava sob crescente pressão de empresas e políticos para explicar como pretende estabilizar as finanças públicas depois de seu “miniorçamento” inicial ter provocado uma sangria no mercado. As propostas – que incluem previsões econômicas completas do Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR) — deveriam ser divulgadas em 23 de novembro, mas o Tesouro disse no Twitter nesta segunda-feira que serão anunciadas antes.
Crucialmente, o plano agora será conhecido antes da próxima decisão de taxa de juros do Banco da Inglaterra, em 3 de novembro, uma demanda importante do presidente do Comitê do Tesouro no Parlamento, Mel Stride, do Partido Conservador, que mostrou preocupação de que o governo precisasse acalmar os mercados antes e reduzir a pressão ascendente sobre os juros que afeta hipotecas de milhões de proprietários.
A nova data permitirá que o OBR conduza “uma avaliação aprofundada da economia e das finanças públicas”, disse Kwarteng em carta a Stride que o presidente do comitê postou no Twitter.
“Os mercados terão duas previsões ‘oficiais’ na mesma semana, o que esperamos fornecer mais certeza para planejar”, disse Kitty Ussher, economista-chefe do Institute of Directors.
A estratégia de Kwarteng definirá como o governo pretende reduzir a dívida como parcela do PIB no médio prazo, uma meta que provavelmente exigirá cortes significativos nos gastos públicos depois de Kwarteng ter anunciado o maior conjunto de isenções fiscais em 50 anos em 23 de setembro. A questão sobre onde aplicar os cortes pode levar a novas disputas políticas para a primeira-ministra já sob pressão.
Nesta segunda, o Banco da Inglaterra fez uma segunda intervenção em duas semanas para apoiar fundos de pensão que seguem as chamadas estratégias de investimento atreladas ao passivo, as LDIs.
O banco central vai garantir que fundos com necessidade de se desfazer de suas posições tenham liquidez, e aumentar as compras de títulos de longo prazo antes que seu primeiro programa de emergência termine na sexta-feira.
As vendas de ativos em libras motivadas pelo miniorçamento de Kwarteng pressionaram os fundos LDI a liquidar 50 bilhões de libras em títulos de longo prazo, o que provocou temores de um colapso da indústria e a primeira intervenção do BoE.
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