Economia

Tesouro Direto tem perdas de até 7% em novembro com alta dos juros

02 dez 2019, 16:40 - atualizado em 02 dez 2019, 16:41
Real Moedas
O preço do papel corrigido pela inflação, ou Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, teve uma queda de 7,72% em novembro, depois de registrar alta de 8,52% em outubro (Imagem: Reuters/Bruno Domingos)

Por Arena do Pavini

A alta dos juros de longo prazo por conta da preocupação com o dólar e a inflação fez os títulos do Tesouro Direto registrarem perdas em novembro, devolvendo parte dos ganhos de outubro.

Os dados mostram a forte oscilação dos valores desses papéis, especialmente os mais longos, que variam de acordo com as taxas de mercado.

O preço do papel corrigido pela inflação, ou Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, teve uma queda de 7,72% em novembro, depois de registrar alta de 8,52% em outubro com a queda dos juros, mas ainda acumula ganho de 58,57% no ano e 64,73% em 12 meses, reflexo da queda das taxas no período.

A alta dos juros em novembro aumentou a rentabilidade dos papéis, que estava bastante achatada por conta do otimismo, até certo ponto exagerado, com a reforma da Previdência e a expectativa de corte dos juros básicos para menos de 4% no ano que vem.

O equilíbrio das contas públicas é que vai permitir que os juros permaneçam baixos por mais tempo e influenciará as taxas de longo prazo dos papéis do Tesouro (Imagem: José Cruz/Agencia Brasil)

Esse otimismo foi revisto e a previsão agora é de juros em 4,5% em 2020. Daqui para frente, as oscilações vão depender também do comportamento do dólar e da inflação e, especialmente, do cenário de ajuste fiscal.

O equilíbrio das contas públicas é que vai permitir que os juros permaneçam baixos por mais tempo e influenciará as taxas de longo prazo dos papéis do Tesouro.

Por isso, qualquer notícia de aprovação de reformas administrativa, tributária ou privatizações vai influenciar esses títulos.

Essas oscilações, como a de novembro, não representam ganhos ou perdas para o investidor que vai ficar com o papel até o vencimento. São apenas avaliações de quanto os papéis valeriam hoje se fossem vendidos no mercado, de acordo com as taxas de juros atuais.

Quando os juros sobem, os papéis antigos perdem valor e, quando os juros caem, os papéis já emitidos sobem, para se ajustar aos novos preços. Mas o rendimento acertado na compra será o mesmo até o vencimento.

É a chamada marcação a mercado, que aparece também nos fundos de investimento que compram esses papéis e que serve para proteger os investidores, que precisam ter seus valores investidos atualizados diariamente pelo preço de mercado, para evitar que alguém saia do fundo levando um valor maior do que real e deixe o prejuízo para quem fica.

Guerra Comercial entre EUA e China ajudou a a taxa subir, atingindo 3,34% ao ano em 29 de novembro (Imagem: REUTERS/Yuri Gripas)

Oito para cima, sete para baixo

No caso do título IPCA+ 2045, por exemplo, a taxa do papel passou de 3,43% ao ano mais inflação em 30 de setembro para 3,07% em 30 de outubro. Essa diferença do rendimento projetada para os 26 anos que faltam para o vencimento resultou em uma alta no preço do papel de 8,52% em outubro.

A queda do juro continuou em novembro, e o título chegou a pagar 2,87% ao ano além da inflação em 4 de novembro.

Mas as incertezas externas, com a guerra comercial entre China e Estados Unidos e as turbulências políticas na América Latina, e depois, internas, com a frustração no leilão do excedente do pré-sal e a alta do dólar, fizeram a taxa subir, atingindo 3,34% ao ano em 29 de novembro, quase anulando a queda de outubro.

Foi o que fez o preço do papel cair 7,72% em novembro.

Risco é comprar por prazo curto

O que esses números mostram também é que o investidor deve evitar comprar esses papéis longos, que oscilam mais, por um período curto de tempo, pois o risco de pegar um ajuste negativo do mercado é grande.

O ideal é aplicar apenas o dinheiro que pode ficar até o vencimento do título, para não ter de sair justamente na hora do prejuízo.

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