Renda Fixa

Tesouro Direto: Os títulos que decepcionaram neste ano e o que fazer em 2025

14 dez 2024, 12:00 - atualizado em 13 dez 2024, 15:50
Renda Fixa - copom
(Imagem: inkdrop)

Quando se fala em rentabilidade bruta, os títulos do Tesouro Direto prefixados e IPCA+ se mostraram decepcionantes para aqueles que precisaram tirar seu dinheiro antes do vencimento. Isso porque enquanto as taxas atingiam patamares recordes durante os últimos meses, o retorno oferecido foi inversamente proporcional na marcação a mercado.

De acordo com os índices de renda fixa produzidos pela Anbima, que acompanham a rentabilidade dos títulos públicos, o pior desempenho ficou com o IMA-B, índice que contempla todos os títulos indexados à inflação medida pelo IPCA. Até o dia 5 de dezembro, a rentabilidade acumulada do ano estava zerada.

Com uma lupa, é possível observar que os títulos IPCA+ com vencimentos acima de cinco anos, medido pelo IMA-B 5+, chegam até a ter uma rentabilidade negativa em 4,7% no mesmo período.

Esse movimento reflete o cenário macroeconômico durante o ano de 2024 em que os mercados se encontraram bastante voláteis.

“Os índices que representam as NTN-Bs ficaram consideravelmente abaixo da Selic. No entanto, ressaltamos que este movimento é natural de acontecer em cenário de elevação de juros, como o atual”, explica Rafael Winalda, especialista em renda fixa do Inter.

O destaque negativo também vai para os ativos prefixados que aparecem com leve alta de 0,7%, segundo a indicação do IRF M+1, formado por títulos públicos prefixados, que são as LTNs com vencimentos acima de um ano.

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Veja a variação acompanhada pelos índices da Anbima

Categoria Variação Semanal Variação Mensal Variação 12 meses Variação Anual
IMA B5+ -0,2% -2,2% -0,8% -4,7%
IMA B -0,2% -1,4% 2,7% 0,0%
IRF M1+ -0,5% -1,8% 2,3% 0,7%
CDI 0,3% 1,2% 10,8% 10,1%
IDA DI 0,1% 0,7% 13,5% 12,7%
IRF M -0,3% -1,0% 4,6% 3,3%
IDA IPCA Infra 0,0% -1,3% 7,7% 5,1%
IDA IPCA Ex Infra 0,0% -1,3% 7,7% 5,2%
IMA Geral 0,0% -0,2% 7,2% 5,7%
IDA IPCA 0,1% -0,9% 8,8% 6,2%
IMA B5 -0,1% -0,4% 7,7% 6,3%
IRF M1 0,1% 0,5% 9,5% 8,8%
IDA Geral 0,1% -0,1% 11,0% 9,5%

O que fazer agora?

Winalda avalia que, apesar do retorno baixo de curto prazo, este é um momento bastante oportuno para comprar títulos IPCA+, visto que as taxas estão bem elevadas. “O investidor acaba passando um ‘calor de curto prazo’, mas certamente não se arrependerá no longo prazo”, explica.

A principal recomendação neste tipo de ativo é o vencimento em 2045 (IPCA+ 2045) já que o rendimento projetado em termos reais, segundo o profissional, é de 400%, se considerar uma inflação média de 4%. No cálculo, o investimento seria multiplicado por 8.

Olhando para os investidores que desejam seguir com o título até o final ou até queiram retirar os recursos antes do tempo, o especialista entende que os papéis indexados à Selic sejam também uma boa opção, visto que esse indexador tem performado melhor do que os demais.

“Os ativos indexados à Selic apresentam um prêmio positivo acima da inflação, geralmente são investimentos de liquidez diária e de fácil movimentação (aplicar/resgatar). Nossa sugestão é que o cliente mais arrojado tenha ao menos 20% da carteira alocado nesta classe de ativo”, diz em seu último relatório.

Em sua avaliação, a Selic “mais alta por mais tempo” deve continuar em 2025, visto todo o cenário de incerteza causado pela desancoragem da inflação, a incerteza fiscal e a desvalorização do real ante o dólar.

Em relação aos prefixados, o analista do Inter apesar de concordar que a taxa está bastante atrativa, avalia que risco com a alta inflação é maior e, portanto, pode ter um retorno real baixo. Porém, Winalda não descarta a uma alocação de até 5% deste tipo de ativo na carteira, pensando em diversificação.

“Lembrando que a volatilidade aqui pode ser ainda maior. Então, é preciso ter paciência também”, destaca. “Com isto, mantenha a sua carteira diversificada”.

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
juliana.caveiro@moneytimes.com.br
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.