Tesouro Direto: Os títulos que decepcionaram neste ano e o que fazer em 2025
Quando se fala em rentabilidade bruta, os títulos do Tesouro Direto prefixados e IPCA+ se mostraram decepcionantes para aqueles que precisaram tirar seu dinheiro antes do vencimento. Isso porque enquanto as taxas atingiam patamares recordes durante os últimos meses, o retorno oferecido foi inversamente proporcional na marcação a mercado.
De acordo com os índices de renda fixa produzidos pela Anbima, que acompanham a rentabilidade dos títulos públicos, o pior desempenho ficou com o IMA-B, índice que contempla todos os títulos indexados à inflação medida pelo IPCA. Até o dia 5 de dezembro, a rentabilidade acumulada do ano estava zerada.
Com uma lupa, é possível observar que os títulos IPCA+ com vencimentos acima de cinco anos, medido pelo IMA-B 5+, chegam até a ter uma rentabilidade negativa em 4,7% no mesmo período.
Esse movimento reflete o cenário macroeconômico durante o ano de 2024 em que os mercados se encontraram bastante voláteis.
“Os índices que representam as NTN-Bs ficaram consideravelmente abaixo da Selic. No entanto, ressaltamos que este movimento é natural de acontecer em cenário de elevação de juros, como o atual”, explica Rafael Winalda, especialista em renda fixa do Inter.
O destaque negativo também vai para os ativos prefixados que aparecem com leve alta de 0,7%, segundo a indicação do IRF M+1, formado por títulos públicos prefixados, que são as LTNs com vencimentos acima de um ano.
Veja a variação acompanhada pelos índices da Anbima
Categoria | Variação Semanal | Variação Mensal | Variação 12 meses | Variação Anual |
---|---|---|---|---|
IMA B5+ | -0,2% | -2,2% | -0,8% | -4,7% |
IMA B | -0,2% | -1,4% | 2,7% | 0,0% |
IRF M1+ | -0,5% | -1,8% | 2,3% | 0,7% |
CDI | 0,3% | 1,2% | 10,8% | 10,1% |
IDA DI | 0,1% | 0,7% | 13,5% | 12,7% |
IRF M | -0,3% | -1,0% | 4,6% | 3,3% |
IDA IPCA Infra | 0,0% | -1,3% | 7,7% | 5,1% |
IDA IPCA Ex Infra | 0,0% | -1,3% | 7,7% | 5,2% |
IMA Geral | 0,0% | -0,2% | 7,2% | 5,7% |
IDA IPCA | 0,1% | -0,9% | 8,8% | 6,2% |
IMA B5 | -0,1% | -0,4% | 7,7% | 6,3% |
IRF M1 | 0,1% | 0,5% | 9,5% | 8,8% |
IDA Geral | 0,1% | -0,1% | 11,0% | 9,5% |
O que fazer agora?
Winalda avalia que, apesar do retorno baixo de curto prazo, este é um momento bastante oportuno para comprar títulos IPCA+, visto que as taxas estão bem elevadas. “O investidor acaba passando um ‘calor de curto prazo’, mas certamente não se arrependerá no longo prazo”, explica.
A principal recomendação neste tipo de ativo é o vencimento em 2045 (IPCA+ 2045) já que o rendimento projetado em termos reais, segundo o profissional, é de 400%, se considerar uma inflação média de 4%. No cálculo, o investimento seria multiplicado por 8.
Olhando para os investidores que desejam seguir com o título até o final ou até queiram retirar os recursos antes do tempo, o especialista entende que os papéis indexados à Selic sejam também uma boa opção, visto que esse indexador tem performado melhor do que os demais.
“Os ativos indexados à Selic apresentam um prêmio positivo acima da inflação, geralmente são investimentos de liquidez diária e de fácil movimentação (aplicar/resgatar). Nossa sugestão é que o cliente mais arrojado tenha ao menos 20% da carteira alocado nesta classe de ativo”, diz em seu último relatório.
Em sua avaliação, a Selic “mais alta por mais tempo” deve continuar em 2025, visto todo o cenário de incerteza causado pela desancoragem da inflação, a incerteza fiscal e a desvalorização do real ante o dólar.
Em relação aos prefixados, o analista do Inter apesar de concordar que a taxa está bastante atrativa, avalia que risco com a alta inflação é maior e, portanto, pode ter um retorno real baixo. Porém, Winalda não descarta a uma alocação de até 5% deste tipo de ativo na carteira, pensando em diversificação.
“Lembrando que a volatilidade aqui pode ser ainda maior. Então, é preciso ter paciência também”, destaca. “Com isto, mantenha a sua carteira diversificada”.