Tesouro Direto começa 2023 no vermelho, com a maioria dos títulos penalizada na marcação a mercado
A maioria dos títulos públicos no Tesouro Direto teve desempenho negativo na marcação a mercado em janeiro.
Isso quer dizer que, quem quis ou precisou vender seus títulos públicos antes do vencimento, provavelmente perdeu dinheiro nessa história.
Nos últimos 30 dias, o Tesouro IPCA+ 2045 (título indexado à inflação) sofreu desvalorização em seu preço de 6,49%. No acumulado dos últimos 12 meses, o mesmo título apresenta prejuízo de 7,56%.
Antes que o investidor se assuste com a variação negativa da maioria dos títulos públicos em janeiro e no acumulado de um ano, é preciso entender como funciona a marcação a mercado, para chegar à conclusão de que a renda fixa só é “fixa” quando respeitado o prazo de vencimento.
Marcação a mercado
Todos os bancos e corretoras de valores são obrigados, desde o dia 2 de janeiro de 2023, a apresentar a leitura das aplicações em renda fixa na forma de marcação a mercado. As exceções à regra são os títulos bancários (CDB, LCA e LCI), que seguem marcados na curva.
Isso quer dizer que os investidores estão começando a entender que suas aplicações em títulos públicos no Tesouro Direto, assim como títulos de crédito privado (CRAs, CRIs e debêntures), são marcadas diariamente no mercado.
Ou seja, até o vencimento dos títulos, os preços variam constantemente a depender do quanto o mercado está disposto a pagar pelos ativos no momento. Então, o investidor que vende suas aplicações de renda fixa antes do vencimento pode ficar no lucro ou no prejuízo a depender do humor do mercado.
Vale destacar que os investidores que carregam seus títulos de renda fixa até o vencimento têm garantidas as taxas de rentabilidade e valores a receber. A questão é que fica mais transparente a todos que, até lá, o patrimônio pode oscilar tanto quanto na renda variável.
Os títulos de renda fixa com prazos de vencimento muito distantes, como o caso do Tesouro IPCA+2045, são os mais sensíveis à marcação a mercado e só costumam gerar lucro em caso de venda antecipada somente próximos aos seus prazos de vencimento.
Tesouro Direto em 2023
Os riscos relacionados ao cenário fiscal do Brasil tornam mais alta a volatilidade dos títulos públicos na marcação a mercado, levando a maioria a ficar com rentabilidade negativa em janeiro.
Embora os títulos de longo prazo exijam mais cautela e acabem perdendo o dinheiro dos investidores por muito tempo, a XP Investimentos ainda tem uma visão construtiva para a renda fixa em 2023.
Atualmente, um título público indexado à inflação (NTN-B) com vencimento em 2035 paga juro real de cerca de 6,3%. Ao investir em títulos IPCA+, os levando até o vencimento, há previsibilidade deste retorno real (em geral mais elevado do que no caso do CDI) contratado no momento da aplicação.
Portanto, os títulos indexados ao CDI não são a melhor opção para retornos acima da inflação na renda fixa, comentam as analistas Camilla Dolle, Mayara Rodrigues e Natalia Moura, em relatório a clientes.
“É possível observar que, nos últimos 15 anos, o retorno real médio de um investidor que aplicou apenas em CDI foi de cerca de 3% ao ano. Ou seja, a NTN-B 2035 paga hoje aos investidores um juro real que é quase o dobro do rendimento real médio em CDI dos últimos 15 anos”, enfatiza o trio de especialistas.
Veja a seguir os desempenhos dos títulos públicos no Tesouro Direto em janeiro, divididos entre os três principais indexadores: Tesouro Prefixado, Tesouro Selic e Tesouro IPCA+. O novo título Tesouro RendA+ ficou de fora por conta do seu lançamento recente.
Tesouro Prefixado
Título Público | Variação em 30 dias (%) | Variação em 12 meses (%) | Taxa de venda (%) |
---|---|---|---|
TESOURO PREFIXADO 2024 | 0,96 | 8,89 | 13,26 |
TESOURO PREFIXADO 2025 | 0,99 | 8,11 | 12,91 |
TESOURO PREFIXADO 2026 | 1,07 | 6,28 | 12,95 |
TESOURO PREFIXADO 2029 | -0,45 | – | 13,27 |
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2025 | 1,03 | 8,5 | 12,9 |
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2027 | 0,95 | 6,23 | 12,9 |
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2029 | 0,31 | 4,84 | 13,13 |
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2031 | -0,39 | 3,07 | 13,21 |
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2033 | -0,84 | – | 13,25 |
Tesouro Selic
Título Público | Variação em 30 dias (%) | Variação em 12 meses (%) | Taxa de venda (%) |
---|---|---|---|
TESOURO SELIC 2023 | 1,12 | 12,81 | SELIC + 0,02 |
TESOURO SELIC 2024 | 1,11 | 12,99 | SELIC + 0,02 |
TESOURO SELIC 2025 | 1,12 | 13,11 | SELIC + 0,03 |
TESOURO SELIC 2026 | – | – | SELIC + 0,11 |
TESOURO SELIC 2027 | 1,14 | 13,29 | SELIC + 0,17 |
TESOURO SELIC 2029 | – | – | SELIC + 0,19 |
Tesouro IPCA+
Título Público | Variação em 30 dias (%) | Variação em 12 meses (%) | Taxa de venda (%) |
---|---|---|---|
TESOURO IPCA+ 2024 | 1,58 | 10 | IPCA + 6,53 |
TESOURO IPCA+ 2026 | 1,19 | 8,16 | IPCA + 6,23 |
TESOURO IPCA+ 2029 | – | – | IPCA + 6,27 |
TESOURO IPCA+ 2035 | -3,12 | 2,21 | IPCA + 6,46 |
TESOURO IPCA+ 2045 | -6,49 | -7,56 | IPCA + 6,59 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2024 | 1,57 | 10,28 | IPCA + 6,52 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2026 | 1,26 | 8,8 | IPCA + 6,23 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2030 | 0,42 | 7,65 | IPCA + 6,24 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2032 | -0,21 | – | IPCA + 6,31 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2035 | -1,33 | 5,29 | IPCA + 6,41 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2040 | -1,98 | 3,59 | IPCA + 6,49 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2045 | -2,56 | 2,68 | IPCA + 6,51 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2050 | -2,6 | 1,96 | IPCA + 6,51 |
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2055 | -3,13 | 1,11 | IPCA + 6,51 |
Rolagem de títulos em 2023
Saíram em 2023 | Chegaram em 2023 | |
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Tesouro Prefixado 2025 | Tesouro Prefixado 2026 | |
Tesouro Selic 2025 | Tesouro Selic 2026 | |
Tesouro Selic 2027 | Tesouro Selic 2029 | |
Tesouro IPCA+ 2026 | Tesouro IPCA+ 2029 |