Títulos Públicos

Tesouro Direto começa 2023 no vermelho, com a maioria dos títulos penalizada na marcação a mercado

01 fev 2023, 12:06 - atualizado em 01 fev 2023, 12:06
Tesouro Direto
Tesouro Direto sofre na marcação a mercado em janeiro; XP Investimentos mostra como investir na renda fixa em 2023 (Imagem: Fernanda Siebra)

A maioria dos títulos públicos no Tesouro Direto teve desempenho negativo na marcação a mercado em janeiro.

Isso quer dizer que, quem quis ou precisou vender seus títulos públicos antes do vencimento, provavelmente perdeu dinheiro nessa história.

Nos últimos 30 dias, o Tesouro IPCA+ 2045 (título indexado à inflação) sofreu desvalorização em seu preço de 6,49%. No acumulado dos últimos 12 meses, o mesmo título apresenta prejuízo de 7,56%.

Antes que o investidor se assuste com a variação negativa da maioria dos títulos públicos em janeiro e no acumulado de um ano, é preciso entender como funciona a marcação a mercado, para chegar à conclusão de que a renda fixa só é “fixa” quando respeitado o prazo de vencimento.

Marcação a mercado

Todos os bancos e corretoras de valores são obrigados, desde o dia 2 de janeiro de 2023, a apresentar a leitura das aplicações em renda fixa na forma de marcação a mercado. As exceções à regra são os títulos bancários (CDB, LCA e LCI), que seguem marcados na curva.

Isso quer dizer que os investidores estão começando a entender que suas aplicações em títulos públicos no Tesouro Direto, assim como títulos de crédito privado (CRAs, CRIs e debêntures), são marcadas diariamente no mercado.

Ou seja, até o vencimento dos títulos, os preços variam constantemente a depender do quanto o mercado está disposto a pagar pelos ativos no momento. Então, o investidor que vende suas aplicações de renda fixa antes do vencimento pode ficar no lucro ou no prejuízo a depender do humor do mercado.

Vale destacar que os investidores que carregam seus títulos de renda fixa até o vencimento têm garantidas as taxas de rentabilidade e valores a receber. A questão é que fica mais transparente a todos que, até lá, o patrimônio pode oscilar tanto quanto na renda variável.

Os títulos de renda fixa com prazos de vencimento muito distantes, como o caso do Tesouro IPCA+2045, são os mais sensíveis à marcação a mercado e só costumam gerar lucro em caso de venda antecipada somente próximos aos seus prazos de vencimento.

Tesouro Direto em 2023

Os riscos relacionados ao cenário fiscal do Brasil tornam mais alta a volatilidade dos títulos públicos na marcação a mercado, levando a maioria a ficar com rentabilidade negativa em janeiro.

Embora os títulos de longo prazo exijam mais cautela e acabem perdendo o dinheiro dos investidores por muito tempo, a XP Investimentos ainda tem uma visão construtiva para a renda fixa em 2023.

Atualmente, um título público indexado à inflação (NTN-B) com vencimento em 2035 paga juro real de cerca de 6,3%. Ao investir em títulos IPCA+, os levando até o vencimento, há previsibilidade deste retorno real (em geral mais elevado do que no caso do CDI) contratado no momento da aplicação.

Portanto, os títulos indexados ao CDI não são a melhor opção para retornos acima da inflação na renda fixa, comentam as analistas Camilla Dolle, Mayara Rodrigues e Natalia Moura, em relatório a clientes.

“É possível observar que, nos últimos 15 anos, o retorno real médio de um investidor que aplicou apenas em CDI foi de cerca de 3% ao ano. Ou seja, a NTN-B 2035 paga hoje aos investidores um juro real que é quase o dobro do rendimento real médio em CDI dos últimos 15 anos”, enfatiza o trio de especialistas.

Veja a seguir os desempenhos dos títulos públicos no Tesouro Direto em janeiro, divididos entre os três principais indexadores: Tesouro Prefixado, Tesouro Selic e Tesouro IPCA+. O novo título Tesouro RendA+ ficou de fora por conta do seu lançamento recente.

Tesouro Prefixado

Título Público Variação em 30 dias (%) Variação em 12 meses (%) Taxa de venda (%)
TESOURO PREFIXADO 2024 0,96 8,89 13,26
TESOURO PREFIXADO 2025 0,99 8,11 12,91
TESOURO PREFIXADO 2026 1,07 6,28 12,95
TESOURO PREFIXADO 2029 -0,45 13,27
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2025 1,03 8,5 12,9
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2027 0,95 6,23 12,9
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2029 0,31 4,84 13,13
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2031 -0,39 3,07 13,21
TESOURO PREFIXADO com juros semestrais 2033 -0,84 13,25

Tesouro Selic

Título Público Variação em 30 dias (%) Variação em 12 meses (%) Taxa de venda (%)
TESOURO SELIC 2023 1,12 12,81 SELIC + 0,02
TESOURO SELIC 2024 1,11 12,99 SELIC + 0,02
TESOURO SELIC 2025 1,12 13,11 SELIC + 0,03
TESOURO SELIC 2026 SELIC + 0,11
TESOURO SELIC 2027 1,14 13,29 SELIC + 0,17
TESOURO SELIC 2029 SELIC + 0,19

Tesouro IPCA+

Título Público Variação em 30 dias (%) Variação em 12 meses (%) Taxa de venda (%)
TESOURO IPCA+ 2024 1,58 10 IPCA + 6,53
TESOURO IPCA+ 2026 1,19 8,16 IPCA + 6,23
TESOURO IPCA+ 2029 IPCA + 6,27
TESOURO IPCA+ 2035 -3,12 2,21 IPCA + 6,46
TESOURO IPCA+ 2045 -6,49 -7,56 IPCA + 6,59
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2024 1,57 10,28 IPCA + 6,52
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2026 1,26 8,8 IPCA + 6,23
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2030 0,42 7,65 IPCA + 6,24
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2032 -0,21 IPCA + 6,31
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2035 -1,33 5,29 IPCA + 6,41
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2040 -1,98 3,59 IPCA + 6,49
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2045 -2,56 2,68 IPCA + 6,51
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2050 -2,6 1,96 IPCA + 6,51
TESOURO IPCA+ com juros semestrais 2055 -3,13 1,11 IPCA + 6,51

Rolagem de títulos em 2023

Saíram em 2023 Chegaram em 2023  
Tesouro Prefixado 2025 Tesouro Prefixado 2026
Tesouro Selic 2025 Tesouro Selic 2026
Tesouro Selic 2027 Tesouro Selic 2029
Tesouro IPCA+ 2026 Tesouro IPCA+ 2029

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Repórter
Repórter de renda fixa do Money Times e Editor de agronegócio do Agro Times desde 2019. Antes foi Apurador de notícias e Pauteiro na Rede TV! Formado em Jornalismo pela Universidade Paulista (UNIP) e em English for Journalism pela University of Pennsylvania. Motivado por novos desafios e notícias que gerem valor para todos.
lucas.simoes@moneytimes.com.br
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