Tesla e outras montadoras de carros elétricos dão o tom da nova crise na China
As bolsas de valores na Ásia foram contaminadas nesta quarta-feira (24), pelo baque que as montadoras de carros elétricos da China enfrentam diante da crise energética atual.
A nova ameaça para os mercados globais é que a atividade econômica chinesa fique mais comprometida do que se previa antes.
O desabastecimento de energia da China está afetando os carros elétricos, suspendendo algumas instalações de carregamento, como da Tesla (TSLA, TSLA34) e Nio.
Isso é um indicativo das proporções que a mais recente preocupação vinda da China pode acarretar nos mercados globais, avalia a XP Investimentos.
As ações da montadora chinesa Xpeng chegaram a despencar mais de 13% nesta quarta-feira, renovando suas mínimas históricas em Hong Kong.
A companhia reportou um prejuízo de de ¥ 2,7 bilhões (equivalente a US$ 394 milhões) no segundo trimestre, na contramão das estimativas de analistas. O resultado foi até pior que o prejuízo de ¥ 1,19 bilhão no mesmo período do ano passado.
Transição energética
A China tem uma nova frente de preocupação que ameaça seu ambicioso plano de transição energética. Apesar de o país liderar os gastos em direção às fonte renováveis desde 2012, a mais recente onda de calor está afetando a atividade econômica, com impactos na indústria e também nos preços de matérias-primas.
Para a Natixis, a crise de energia na China tem um efeito cascata. “Além da pressão persistente da política de Covid Zero e do setor imobiliário, a China agora enfrenta uma nova escassez de energia devido à onda de calor e à seca”, comentam os analistas do banco canadense.
Ou seja, se o mundo ficou atento aos reflexos da estratégia chinesa de combate à pandemia e com o risco de calote da Evergrande (EGNRF), agora a produção de energia renovável chinesa enfrenta gargalos com a seca histórica, especialmente na província de Sichuan.
“Desta vez, a energia hidrelétrica é diretamente afetada à medida que os rios secam, especialmente na província de Sichuan”, explica a economista-chefe para a Ásia do Natixis, Alícia Garcia Herrero. Segundo ela, esse fenômeno climático explica por que os governos locais devem racionar o fornecimento de eletricidade para as fábricas, de modo a manter um uso mínimo aos moradores.
Em âmbito nacional, a energia hidrelétrica contribui com apenas 16% para a geração de energia. É a segunda maior fonte na China, mas ainda muito menor do que 67% da energia térmica.
“Como 82% da geração de eletricidade de Sichuan vem da energia hidrelétrica, as ondas de calor e seca formaram uma tempestade perfeita para a província”, afirma a economista do Natixis.
Por isso, um alto número de estações de carregamento está inoperante em Chengdu, na província de Sichuan – onde a pior seca do país desde a década de 1960 reduziu a geração de energia hidrelétrica ao mesmo tempo em que uma onda de calor aumentou a demanda por eletricidade – e também na cidade vizinha de Chongqing, destaca a XP.
Carros elétricos sob pressão
A província chinesa de Sichuan é um centro de fabricação vital para alguns produtos na China. A região abriga 7% da produção química chinesa e 8% das exportações de células solares, segundo a Natixis. “É também a sede dos principais produtores de produtos químicos de lítio e baterias para veículos elétricos, respectivamente”, comenta Alícia.
Com isso, a montadora Nio avisou aos proprietários que algumas de suas estações de troca de bateria de Chengdu estão “off-line” por causa da “grave sobrecarga na rede sob as altas temperaturas persistentes”. A norte-americana Tesla, do bilionário Elon Musk, também desligou os serviços em mais de uma dúzia de estações nas duas cidades chinesas.
Já a Toyota emitiu alerta sobre rupturas na cadeia de fornecimento. “Os resultados fracos das montadoras de veículos Nio, Xpeng e Li Auto também são consequência dos problemas de abastecimento na China em virtude dos lockdowns recentes no país”, emenda a XP.
Tempestade perfeita
Ou seja, a China vive uma tempestade perfeita, resume o estrategista-chefe da Guide Investimentos, Alex Lima. Além das altas temperaturas preocupantes e a dramática seca em Sichuan, existem problemas relacionados à atividade e ao crédito.
Ele lembra que as projeções de crescimento da China para 2022 caíram violentamente nas últimas semanas. “Normalmente, quedas de atividade bruscas na China marcam recessões globais e têm o potencial de sincronizar a política monetária global”, alerta.
Colaborou Olívia Bulla.
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