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TerraMagna projeta retomada de crédito e recorde para barter; bancos veem Fiagros como uma solução para produtor alavancado, diz diretor

09 jan 2025, 7:30 - atualizado em 09 jan 2025, 12:03
crédito fiagros
(Foto: TerraMagna)

O ano de 2024 ficou marcado por desafios no agronegócio, com entraves para crédito, Fiagros e margens comprimidas para commodities, principalmente soja e milho.

Em relação a 2023, os desembolsos do crédito rural caíram 24,5%, e apesar do volume do Plano Safra 2024/2025 ter aumentado, o montante total de recursos liberados ainda foi inferior ao esperado.

Para David Telio, diretor de Novas Estruturas Financeiras da TerraMagna, uma das principais fintechs do agro da América Latina, o crédito privado compensou essa lacuna, aumentando significativamente em relação aos anos anteriores.

A Terra Magna concedeu R$ 1,5 bilhão em crédito para o setor em 2023 e mais de R$ 1,2 bilhão com seu Fiagro Exclusivo.

Na visão do diretor, o crescimento do crédito privado se dá pelas opções de financiamento de bancos e ao mercado de capitais, incluindo investimentos por meio de produtos financeiros como o Fiagro, que foi projetado para fornecer soluções financeiras diversificadas para o setor agrícola.

2025 é o ano dos Fiagros?

Telio chama atenção para o crescimento “exponencial” dos fundos de investimento do agronegócio, desde a sua criação em 2021, tendo atingido mais de R$ 40 bilhões em patrimônio no ano passado.

“A tendência é dos Fiagros continuarem aumentando, com a regulamentação da CVM muito mais flexível. Hoje, é uma carteira aberta que atende todo o agro, com suprimentos, indústrias, distribuição, produtores, maquinários, cooperativas e até mesmo o financiamento imobiliário”, diz. 

O diretor acredita que os Fiagros vão “explodir” em 2025 e não imagina um teto para os fundos pela migração dos investidores que já aplicavam em Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs), devido aos benefícios de isenção de Imposto de Renda.

“O nosso Fiagro não contou com inadimplência em 2024, entregando uma rentabilidade bem generosa. Olhando para o mercado como um todo, vimos sim impactos na remuneração das cotas, mas o que eu enxergo para este ano é diferente. O Fiagro pode financiar ativos além de títulos, como grãos, algodão e café”.

TerraMagna espera recorde nas operações de barter

A partir deste cenário, segundo Telio, os Fiagros vão poder comprar posições de ativos para entrega física, como uma Cédula do Produtor Rural (CPR), e nesta condição, ele cria um barter original, de um produto físico.

“Como definido por lei, a operação de barter é extraconcursal de recuperação judicial. Como os distribuidores, indústrias e cooperativas de insumos sabem que o barter é uma operação de garantia, o volume de barter para 2024 e 2025 vai ter um recorde histórico. Esperamos que os fornecedores de insumos tragam operações de barter para dentro dos Fiagros”.

Quanto aos desafios em relação à inadimplência e recuperação judicial, houve um pico muito importante e forte em 2024.

“Os impactos foram maiores que o esperado, principalmente para os bancos. Os credores partiram para uma cobrança mais agressiva contra os produtores, que não tinham alternativa a não ser buscar a recuperação judicial”, explica.”

A partir desse cenário, Telio acredita que os produtores rurais vão conseguir uma negociação melhor. “O banco percebeu que não adianta executar um imóvel, uma hipoteca, porque o busca a única solução que ele tem. Acho que teremos uma tendência de calmaria, muito mais negociação, postergação de pagamentos, principalmente contando com uma das maiores safras da história, como se espera para este ano”. 

O momento atual do crédito agrícola no Brasil

Nesta semana, em entrevista ao Agro Estadão, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defendeu que a lógica do seguro rural precisa mudar, já que as apólices estão cada vez mais caras com menor cobertura. Ele defendeu a universalização do seguro rural, e disse que quem acessa o crédito subsidiado pelo governo precisa fazer seguro.

O diretor da TerraMagna reforça que o seguro rural não cresceu no Brasil, e não é tão barato como nos Estados Unidos.

A seguradora americana sabe que os problemas enfrentados pelo agricultor do Oeste não são os mesmos para o produtor do Sul. O que nós queremos no Brasil é fazer o mesmo. Queremos um produto que tenha essa mesma disperção de risco”. 

No crédito, Telio projeta um cenário melhor para o produtor que precisa de crédito. “Eu vejo neste ano, muitos distribuidores, cooperativas, indústrias de insumos buscando crédito e não deixando para a última hora, o que é diferente de anos anteriores“.

A obrigatoriedade do seguro rural

Telio destaca as iniciativas da ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que tentou colocar no orçamento de forma obrigatória uma cobertura maior, acima dos R$ 1,2 bilhão.

“Quando o ministro coloca que todo o financiamento subsidiado do crédito rural tem que ter o seguro agrícola, hoje, mais de 70% já tem, porque o Banco do Brasil (BBAS3) é o carro-chefe do financiamento do crédito rural e toda a carteira do BB vem com o seguro que ele faz internamente. O que o ministro comentou ajuda, ajuda porque cria um colchão maior de seguro agrícola, mas não vai fazer muita diferença, porque o BB que tem o carro-chefe, ele coloca o seguro agrícola dentro da carteira dele”.

Para ele, quem precisa estender essas questões são as cooperativas de crédito. “Se elas (cooperativas) fizerem isso de forma obrigatória, ajuda os bancos, por exemplo, mas não muito. Isso é um chuvisco perto de uma área que tem uma seca prolongada. Precisamos de uma estratégia nacional, como por exemplo, todo mundo que financia o agro deveria por o seguro de crédito. Precisa ser algo obrigatório, e isso resulta na dispersão de risco e queda no custo”, vê.

“Em 2025, a mobilização por crédito aumentou muito. Eu vejo neste ano, muitos distribuidores, cooperativas, indústrias de insumos buscando crédito e não deixando para a última hora, o que é diferente de anos anteriores. O que eu acredito também que vai acontecer e vai ser rápido é que os bancos estão se mobilizando para ajudar os produtores que estão com dificuldades e alavancados”

De acordo com o diretor, a Febraban e o Banco Central se mobilizaram para encontrar uma solução para o banco buscar o produtor que está alavancado.

“Adivinha quem vai ter uma participação importante com isso? O Fiagro. Os próprios bancos estão enxergando, no mercado de capitais, uma solução para ajudar o produtor alavancado a conseguir estender o prazo de pagamento dele. A grande solução que está vindo são os chamados Fiagro Reorg e Fiagro Recupera”.

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, também participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil e do Agro em Campo. Em 2024, ficou entre os 80 jornalistas + Admirados da Imprensa do Agronegócio.
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