Opinião

Terraço Econômico: Por que a Katy Perry tem mais fãs que o Cannibal Corpse?

12 dez 2018, 11:30 - atualizado em 12 dez 2018, 11:30

Por Lucas Adriano, Graduando do 9º período de Ciências Econômicas, na Universidade Federal de Viçosa (UFV) – Para o Terraço Econômico

Katy Perry é uma cantora pop norte americana, mundialmente conhecida, informação que não é grande novidade para ninguém. Tendo ultrapassado a marca de 40 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, a cantora por anos seguidos emplacou hits que lideraram o top das mais ouvidas.

Do outro lado do “octógono”, temos a nem tão conhecida – do grande público pelo menos – a banda Cannibal Corpse. Cannibal Corpse é uma banda de death metal, considerada como a mais popular do gênero. Em 30 anos de carreira, gravou 15 álbuns, tendo vendido pouco mais que 2 milhões de cópias. O grande feito do Cannibal foi ter sido a única banda de death metal a figurar no top 200 da Billboard, ficando na posição 151.

Conhecendo um pouco mais sobre os personagens principais desse texto, é possível refazer a pergunta do título. Por que a Katy Perry tem mais fãs que o Cannibal Corpse?

Para essa pergunta, já existe algumas respostas bem populares, como:

i) “Porque Katy Perry é uma diva!” – fã anônimo de música pop

ii) “Porque o grande público não está preparado para ouvir o Cannibal” – fã anônimo de death metal

iii) “Porque há uma grande conspiração mundial que quer destruir o rock e os seus subgêneros” – corrente de Whatsapp da família

Saindo um pouco dessas explicações “consagradas”, é possível ter outro tipo de resposta, com base na intuição econômica. Mesmo sem grande formalismo, é possível fazer intuitivamente algumas formulações bem interessantes.

O motivo não está na má vontade das gravadoras para com a banda Cannibal Corpse…

Em primeiro lugar, é necessário destacar que o público do Cannibal Corpse é bem mais restrito que o de Katy Perry. O motivo não está na má vontade das gravadoras para com a banda, mas nas limitações impostas pelas canções do Cannibal, que são expressamente proibidas para menores de idade, além de pouquíssimo recomendadas para pessoas sensíveis, com problemas cardíacos ou que sejam muito religiosas. Mesmo que todos os filmes de Hollywood fizessem igual ao filme Ace Ventura, é bem provável que tal ação fosse pouco produtiva, podendo desencadear em uma grande insatisfação popular.

De maneira semelhante àquilo que é feito nas disciplinas básicas de Microeconomia, a popularidade dos dois artistas poderia ser medida a partir de “cestas”. Os “bens” que entram nessas cestas são os temas e as composições de suas músicas. A cesta de Katy Perry é uma cesta cujos bens são de grande apelo popular, sendo composta por coisas como: beijos, garotas e garotos atraentes e festas. No caso da cesta do Cannibal Corpse, esta é composta por temas altamente restritos e considerados como tabus, muitas vezes tratados como fora do moralmente aceitável, sendo composta por: morte, vísceras, necrofilia, entre outros. Assim é como se a cesta da cantora fosse formada por bens que aumentam a satisfação dos consumidores, enquanto que a cesta da banda é formada por bens que diminuem a satisfação, se constituindo em males.

Além disso, a partir da própria sonoridade das composições, é possível entender o motivo da maior popularidade de Katy Perry em relação ao Cannibal Corpse. E isso não tem necessariamente a ver com o fato de avaliar a cantora como sendo mais talentosa, até porque essa coisinha chamada “gosto”, é altamente subjetiva. Mas é que o gênero musical de Katy, tende a ser altamente massificado, com canções que possuem refrões que grudam na cabeça como chiclete e que possuem letras muito fáceis de assimilar. Enquanto que o som do Cannibal fica no lado oposto, sendo composto por guturais e riffs tão pesados e rápidos que podem se tornar em uma verdadeira prova de resistência para quem está ouvindo.

O conjunto dessas explicações – com exceção das “consagradas” – podem dar uma boa intuição do porquê uma cantora de pop é mais popular que uma banda de death metal.