Agronegócio

Terra Santa larga plantio de soja no seco aguardando chuvas e com foco no algodão

05 out 2020, 21:57 - atualizado em 05 out 2020, 21:57
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Até 3% da nossa área total de replantio entendemos que é aceitável (Imagem: Reuters/Stringer)

A Terra Santa Agro, uma das maiores produtoras agrícolas do país, iniciou nesta segunda-feira o plantio de soja em solo seco em uma área de 12 mil a 14 mil hectares, de um total de cerca de 81 mil hectares com a oleaginosa que a companhia espera plantar em 2020/21.

O risco calculado de se plantar parte da safra “no pó” se deve às chuvas esperadas para a próxima semana, permitindo então a germinação, além da necessidade de realizar logo os trabalhos em muitas lavouras para posterior plantio de algodão dentro das melhores condições, disse à Reuters o CEO da companhia, José Humberto Prata Teodoro Júnior.

Para uma janela climática de plantio adequada, o algodão tem que estar semeado na segunda safra em Mato Grosso onde a companhia possui suas unidades até o final de janeiro, algo que não aconteceria se houvesse mais atrasos com a soja.

A Terra Santa Agro projeta semear algodão em pouco mais de 43 mil hectares e milho em 23 mil hectares em 2020/21.

“Largou hoje o plantio sem chuva nenhuma”, disse o executivo, ressaltando que em áreas de plantio direto, cuja palhada ajuda a atenuar riscos de temperaturas elevadas para as sementes, é possível plantar “no pó” quando há a expectativa de chuvas.

A decisão de iniciar o plantio com algum risco em parte das terras é tomada todos os anos pela companhia, mas nesta safra a área plantada em condições secas é maior do que no ano passado, já que as chuvas estão tardando mais a chegar.

“Ano passado, soltamos o plantio em 25 de setembro, este ano estamos soltando em 5 de outubro, com dez dias de atraso. No ano passado, plantamos 7 mil hectares nessas condições mais arriscadas, foi um risco bem medido, pois tivemos pouco replantio”, explicou ele, lembrando que todos os cálculos e acompanhamentos meteorológicos foram feitos para embasar a decisão em 2020.

No ano passado, por exemplo, só houve replantio em 72 hectares, destacou.

Com o plantio atrasado, a avaliação é de que a colheita de soja em Mato Grosso levará mais tempo a chegar ao mercado em 2020/21, intensificando-se apenas em fevereiro, e não em janeiro, até porque nem todos os produtores dispõem das condições e capital de um grupo como a Terra Santa Agro.

“Em 2017/18, um ano mais parecido com este, ano de La Niña, arriscamos 11 mil hectares, e teve 40% de replantio, um replantio muito alto, mas começamos a plantar em 23 de setembro, e aí a chuva só se confirmou mais para frente. Naquela época começamos a arriscar (no) seco demais, desde então fomos aprendendo.”

Para 2020/21, com a expectativas de chegada de chuvas na próxima semana, a Terra Santa Agro diz que um número de replantio aceitável seria de 2% a 3%.

“Até 3% da nossa área total de replantio entendemos que é aceitável… Mas pode ser muito próximo de zero, temos capacidade de plantio muito forte, então vamos ter cinco dias de plantio, e se chover conforme a projeção, não vamos perder nada.”

A decisão de dar a largada no plantio foi realizada após a companhia ter semeado em cerca de mil hectares na semana passada, com o objetivo de ajustar as máquinas.

Gestão Dinâmica

O atraso das chuvas levou a companhia a realizar desde já mudanças em seu planejamento.

“Quando chover vai emergir muita soja ao mesmo tempo e aí vamos precisar de muita máquina de colheita de soja, porque ela vai chegar toda ao mesmo tempo, estamos fazendo todo um replanejamento… e vai exigir um maior número máquinas”, afirmou ele, que revelou que a empresa está fechando novos contratos para ampliar o número de prestadores de serviço.

“O outro impacto disso é que a janela de plantio de algodão não vai ter um mês, ela vai ser uma janela muito mais curta, talvez tenhamos que plantar em 15 dias, e aí também já estamos revendo a necessidade de plantadeiras para que a janela de plantio seja respeitada”, completou, acrescentando que isso é feito para diminuir riscos de queda na produtividade.

“Vai ser uma safra que vai demandar mais gestão, replanejamentos serão uma constante…”, comentou, ao admitir que os custos devem aumentar um pouco.

Além de mais colheitadeiras e plantadeiras, a safra 2020/21 vai exigir mais caminhões para escoamento, assim como pode demandar que os armazéns dos clientes, as tradings, sejam mais utilizados.

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