Giro do Mercado

‘Teremos mais um ano de inflação rompendo o teto da meta’, diz analista

25 fev 2025, 13:29 - atualizado em 25 fev 2025, 13:29

As perspectivas do mercado para os indicadores econômicos do Brasil continuam pessimistas. De acordo com o Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que subiu 1,23% em fevereiro, reforçam o momento negativo.

“Houve um rebote do bônus de Itaipu de janeiro. Tivemos um impacto muito grande no segmento de energia elétrica. Qualitativamente, os núcleos continuam em patamares elevados, o que me leva a crer que teremos mais um ano de inflação rompendo o teto da meta do Banco Central (BC)”, disse Spiess em entrevista ao Giro do Mercado desta terça-feira (25).

  • VEJA MAIS: Selic pode alcançar 14,25% ao ano em março e, com os juros mais altos, os FI-Infra abrem uma oportunidade para o investidor; entenda

O teto a que o especialista se refere é o de 4,5%, que seria o máximo aceitável dentro da margem de erro de 1,5% acima da meta do BC, que é de 3%. De acordo com as projeções da Empiricus, o índice deve subir cerca de 5,5% em 2025, com possibilidade de revisão em caso de maior deterioração da economia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Inflação preocupa governo

Dentre os núcleos que compõem o indicador, a energia elétrica subiu 16,33%, impactando em 0,54 pontos percentuais (p.p) após o desconto no mês de janeiro com o bônus de Itaipu. A alimentação, que preocupa o governo, ficou 0,61% mais cara.

O analista considera que uma safra robusta, como esperado, pode ter algum impacto, mas não deve ser capaz de controlar por si só a inflação dos alimentos. A alta dos custos com alimentação é um dos fatores aos quais o governo atribui responsabilidade pela queda de popularidade.

Nesta terça-feira (25), uma nova pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostrou que 44% dos entrevistados têm avaliação negativa do governo, ante 31% na pesquisa anterior. Para tentar recuperar a popularidade, o presidente Lula deve realizar pronunciamentos frequentes em rede nacional, divulgando medidas do governo.

Para Spiess, a tentativa é uma espécie de antecipação do pleito eleitoral de 2026 e preocupa o mercado, já que a perspectiva de controle fiscal fica cada vez mais distante. O analista ainda deu mais detalhes sobre as expectativas para o cenário econômico. Para acompanhar o programa na íntegra, acesse o canal do Money Times no YouTube.

gustavo.silva@moneytimes.com.br