Eleições 2022

“Terceira via é quase um sonho de verão”, afirma especialista após desistência de Doria

23 maio 2022, 21:29 - atualizado em 23 maio 2022, 21:29
João Dória Terceira Via
Após desistência de Doria, terceira via precisa se reorganizar para pleitear a Presidência da República (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A desistência do ex-governador João Doria na disputa pela Presidência da República reinaugurou as discussões acerca de como a terceira via poderia se organizar de forma eficiente o bastante para alcançar o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula nas eleições presidenciais de 2022.

No último dia 6 de abril, as lideranças dos partidos do MDB, União Brasil, Cidadania e PSDB anunciaram que apresentariam um candidato único para concorrer ao cargo de presidente do país. Entretanto, pouco mais de um mês depois do anúncio, ainda não há definições concretas em torno do tema.

O União Brasil, partido que acolheu o ex-juiz Sérgio Moro após deixar o Podemos, abandonou o movimentou a anunciou candidatura própria com a indicação de Luciano Bivar, também presidente nacional do partido, para as eleições de outubro.

Para Simone Diniz, doutora em Ciência Política pela Universidade de São Paulo, as indefinições a respeito das candidaturas alternativas a Lula e Bolsonaro acabam causando grande instabilidade em todo jogo eleitoral. “Até o momento, todos demonstraram grande falta de articulação e liderança”, afirmou.

Com a desistência de Doria, o PSDB deixa a disputa e retoma as discussões acerca de seus próximos passos com relação a terceira via. Na próxima terça-feira (24), as executivas nacionais do PSDB, MDB e Cidadania irão se reunir em Brasília para definir quem será o cabeça da chapa.

Para a pesquisadora, independente das próximas decisões tomadas pelos partidos, em especial pelo PSDB que possui certo destaque entre as siglas aliadas, o lançamento de um candidato realmente competitivo pode ser um sonho distante.

“Seja como for, eu não consigo imaginar que o PSDB consiga apresentar um candidato competitivo. Nós queríamos ter condições reais para isso, mas acho que a terceira via é quase um sonho de verão”, destacou.

Até o momento, a senadora Simone Tebet (MDB) é o nome favorito pela liderança dos três partidos.

A senadora Simone Tebet (MDB) tem o favoritismo dos partidos que compõem a terceira via (Imagem: Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)

Apesar das intensas discussões, o veredito final sobre o candidato escolhido será dado apenas entre 20 de julho e 5 de agosto durante as convenções nacionais dos partidos. Na ocasião, será deferido se as negociações feitas anteriormente pelos dirigentes serão levadas a frente ou não.

Segundo Diniz, as mudanças recorrentes vividas pelos partidos de centro nos últimos meses geraram um “esfacelamento” da reputação dos políticos apresentados para disputa pelo Planalto.

“A credibilidade dos partidos está muito fraca. Existem lideranças do MDB que sinalizam um claro apoio ao PT e ao ex-presidente Lula. Enquanto há alas do PSDB que simpatizam com uma possível reeleição do Bolsonaro”, explica.

Até o momento, pesquisas eleitorais da XP/Ipespe indicam que Lula possui 44% das intenções de voto no primeiro turno, enquanto Bolsonaro segue com 32%. A aposta da terceira via, Simone Tebet, ainda não conseguiu romper a barreira dos 2% nas últimas amostragens.

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