Fintech

Ter conta digital é “hype”, mas 90% dos millennials preferem mesmo é Itaú, Bradesco…

26 nov 2019, 13:17 - atualizado em 27 nov 2019, 10:47
Coração dividido: jovens gostam de modernidade, mas são tradicionais nas transações financeiras (Divulgação/Claro/Facebook)

Ser digital é moderno, cool ou, como se costuma dizer hoje, “hype”. Afinal, o avanço dos smartphones e da internet de banda larga colocou praticamente o mundo todo na palma da mão. É nesta onda que crescem os bancos digitais, como Nubank, Inter  (BIDI11) e Next. Mas, a verdade é que, por enquanto, essas instituições, também conhecidas como fintechs, têm mais fama, do que clientes fiéis.

A conclusão é de uma pesquisa da consultoria Kantar, que avaliou a penetração dos bancos digitais em dez países, incluindo o Brasil. Segundo o relatório (veja a íntegra no fim da reportagem), 35% dos brasileiros que utilizam serviços bancários têm uma conta digital.

O problema, contudo, é outro. Apenas 9% deles consideram o banco digital como sua conta principal – aquela que usam cotidianamente para pagar contar, transferir dinheiro e outros serviços.

Isso significa que apenas 1 em cada dez brasileiros bancarizados sutilizam intensivamente as fintechs. Como os millennials lideram a digitalização do mundo e são o principal público dos bancos online, fica claro que até mesmo eles compartilham sua vida financeira com os bancões tradicionais, como Itaú Unibanco,(ITUB4)Bradesco, (BBDC4)Santander (SANB11)Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa Econômica Federal.

Confiança não é tudo

A Kantar aponta alguns motivos para isso. Primeiro, é verdade que os brasileiros, junto com os indianos e os chineses, confiam mais do que outros povos nos bancos digitais: 57% dos entrevistados nesses três países afirmam confiar “completamente” neles, ante 19% da média dos demais.

Mas essa confiança não se reverte em uso intensivo dos bancos digitais. De acordo com a Kantar, de cada dez interações de brasileiros com aplicativos financeiros, 7,9 são com os apps de bancos tradicionais. Somente 2,1 cabem às fintechs.

As aparências enganam: na maioria das vezes, o cliente está no celular… acessando o banco tradicional (Imagem: Divulgação/Itaú)

Outro desafio é a falta de variedade de serviços e produtos dos bancos online. “Para que os neobancos cresçam, não apenas em número de clientes, mas também na fatia da carteira eletrônica, é importante que diversifiquem profundamente seu portfólio”, diz o relatório.

“Quanto mais os clientes os virem como pôneis que sabem apenas um truque, os neobancos estarão limitando seu potencial para aumentar a participação de mercado”, acrescenta a consultoria. “Falando sem rodeios: basear-se apenas em serviços de pagamento P2P não será suficiente para que os neobancos conquistem e sustentem seu crescimento no longo prazo.”

Reação

O que nos leva ao último ponto: a capacidade de reação dos bancos tradicionais. É verdade que, comparados às fintechs, eles parecem dinossauros diante do meteoro que os exterminou, mas a Kantar chama a atenção para a velocidade com que essas instituições têm replicado soluções criadas pelas novas rivais.

“Os bancos existentes seguem de perto o que os neobancos estão fazendo e são rápidos em imitar as características e benefícios dos apps”, observa o relatório. Isso incentiva muitos clientes a adotarem uma posição mais conservadora, de “esperar para ver” o comportamento dos bancos digitais e tradicionais, antes de decidir se migrarão para o mundo virtual. Mesmo que seja “hype” ter um aplicativo moderninho no celular.

Veja a íntegra do estudo da Kantar (em inglês)