Tendência de recuperação é evidente, dizem executivos da MRV (MRVE3); ação recua após resultados do 4T24
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Os executivos do grupo MRV&Co (MRVE3) afirmaram, nesta terça-feira (25), durante teleconferência sobre os resultados do quarto trimestre de 2024 (4T24), que a “tendência de recuperação da companhia é evidente”. Mesmo após essa sustentação pelos executivos, a ação da construtora recuava 1,87%, a R$ 5,25, pouco depois da 14h.
A fala veio após os números divulgados no dia anterior mostrarem um prejuízo ajustado de R$ 153,8 milhões no último trimestre do ano passado, ampliando resultado negativo de R$ 125,5 milhões nos últimos três meses de 2023.
No entanto, a MRV Incorporação, principal unidade do grupo, que inclui as marcas MRV e Sensia, teve lucro líquido ajustado de R$ 78 milhões nos meses de outubro a dezembro, revertendo prejuízo de R$ 31 milhões na mesma etapa de 2023.
Com esse desempenho, o grupo encerrou 2024 com prejuízo acumulado de R$ 128,3 milhões, pressionado pela operação norte-americana Resia, mas menor que o resultado negativo de R$ 330,2 milhões de 2023.
Veja a avaliação dos analistas
Para os analistas do Bradesco BBI, o impacto negativo da Resia nos resultados foi bastante evidente, com prejuízo de US$ 39,5 milhões no 4T24, apesar da subsidiária ter gerado caixa devido à venda de projetos.
Por outro lado, destacaram a melhora na margem bruta da companhia no Brasil no trimestre para 27%, mesmo ficando abaixo das expectativas e do consenso do mercado.
Além disso, o Bradesco BBI avalia que a a geração de caixa, excluindo a venda de recebíveis, foi positiva pela primeira vez nos últimos 2 anos, em R$ 22 milhões.
“Acreditamos que o desempenho positivo das ações ainda depende de sinais mais fortes de convergência entre as margens reportadas e em carteira, que ainda apresentam um gap significativo”, destacam os analistas do BBI.
Para o banco, por mais que a precificação atual pareça atraente em termos absolutos, seria necessária uma justificativa que torne o caso da MRV menos complexo.
Os analistas da Genial, por sua vez, foram ainda mais negativos, ao afirma que os números trouxeram “pouco a se comemorar”. Mais uma vez a ênfase foi a Resia, que causa dúvidas ao time, uma vez que a situação macroeconômica dos EUA não tem contribuído, tanto do ponto de vista de juros e inflação, quanto com relação às políticas migratórias.
“As perdas em Resia foram tão significativas, que podem suscitar dúvidas quanto ao valor dos ativos no balanço e, por consequência, de quanto “sobrará” após a conclusão do downsizing. Além disso, acreditamos que as perdas incorridas neste início do processo devem ser mais pesadas, uma vez que estes primeiros projetos se iniciaram em uma conjuntura macro muito mais positiva”, explicam.
Mesmo assim, a Genial segue com recomendação de compra com perspectiva de upside de 180%, uma vez que o preço-alvo é de R$ 15.
O Goldman Sachs apresentou também uma outra preocupação: a alavancagem da MRV que, segundo seus analistas, segue aumentando de forma consolidada.
Na estimativa do banco, a empresa tem uma relação dívida líquida sobre patrimônio de mais de 150%, considerando R$ 6 bilhões em dívida líquida e R$ 3,8 bilhões em recebíveis de cessão de crédito, o nível mais alto que já observamos.
“Seguimos preocupados com o caminho para a desalavancagem da MRV, dado o alto nível de endividamento, especialmente em um ambiente de juros elevados no Brasil”, apontam.
A recomendação do banco, portanto, é neutra.
Guidance para 2025
Na teleconferência, Rafael Menin, Eduardo Fischer e Ricardo Paixão, executivos da MRV, compartilharam o guidance para 2025.
Para este ano, a companhia estima para segmento de incorporação da empresa uma receita operacional líquida (ROL) entre R$ 9,5 a R$ 10,5 milhões, margem bruta de 29 a 30%, geração de caixa entre R$ 500 a R$ 700 milhões e um lucro líquido de R$ 650 a R$ 750 milhões.
Para Resia, a projeção feita para a geração de caixa foi de R$ 270 milhões e para a o grupo como um todo foi de R$ 2,1 bilhões. Ainda para todo o grupo, a ROL esperada é de um intervalo entre R$ 8 bilhões e R$ 8,5 bilhões.
Os executivos entendem que as metas são desafiadoras, mas que estão empenhados e disciplinados na alocação de capital absoluto e na diminuição da atuação geográfica.
Hoje a companhia atua em 180 cidades e pretende chegar a 80, o que permitirá um crescimento mais controlado e consistente.
*Com informações da Reuters