Tenda (TEND3) atualiza o guidance para 2025 e diz que sua maior fraqueza virou fortaleza
O ano de ouro da Tenda (TEND3) está chegando ao fim e a companhia já está com o pé em 2025. A construtora compartilhou as suas projeções para o próximo ano e estima uma oscilação de vendas líquidas entre R$ 3,8 bilhões e máximo de R$ 4 bilhões no segmento Tenda. Já para a margem bruta ajustada, o guidance está entre 34% e 36%.
Durante o Tenda Investor Day, realizado nesta terça-feira (17), no escritório da companhia no centro de São Paulo, Rodrigo Osmo, CEO da construtora, disse que agora é a hora de o mercado reconsiderar e mudar as suas avaliações para as ações da Tenda.
“O mercado vai ter que mudar o discurso de que a Tenda é um ativo de risco. Entendemos a desconfiança que geramos anteriormente, mas agora já estamos mostrando uma mudança positiva”, disse Osmo.
O desafio em 2024 era recuperar o ROCE (Return On Caital Employed) de 30% vistos nos anos áureos da companhia, antes da crise enfrentada durante a a pandemia de Covid-19, além de entregar um VSO (Vendas sobre Oferta) entre 25% e 30% e com isso recuperar os números e ganhar margem.
Após diversas mudanças no modelo de negócio, uma reestruturação da avaliação de crédito e um conservadorismo nas projeções, a Tenda conseguiu chegar ao final do terceiro trimestre com o com seu primeiro ano de rentabilidade, desde 2021. Pela primeira vez em três anos, a companhia irá pagar dividendos aos acionistas.
Um dos pontos essenciais para esse turnaround foi a mudança no processo de lançamento, desvinculando do pagamento da obra. Ou seja, a partir do momento em que se define o lançamento, há a venda de apenas 40% das unidades para a partir daí dar início às obras. Desta forma, a Tenda consegue calcular melhor a inflação da obra durante todo o processo. Anteriormente, as obras iniciavam com 100% das unidades vendidas.
“O que era uma fraqueza na Tenda, hoje virou uma grande fortaleza”, disse Renan Barbosa, diretor de operações da construtora, sobre a redução do custo de obra.
Enquanto o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) em materiais e mão de obra foi de 5,59% e 15,11%, respectivamente, o da Tenda foi de 1,49% e 12,21%.
Alea recebe aporte de R$ 80 milhões
Outro ponto que faz a equipe da Tenda acreditar no potencial da companhia é o braço de casas pré-fabricadas da Tenda, a Alea.
Ontem (16), a Tenda comunicou que o fundo da gestora Good Karma Partners (GKP) comprou uma participação 6,97%, considerando um valor de empresa de R$ 1,091 bilhão, o que representa um aporte de R$ 80 milhões.
A entrada do fundo entre os acionistas prevê ainda a manutenção de um assento no Conselho da empresa e a criação de um Comitê de Auditoria e de um Comitê de Impacto e ESG.
Para 2026, a participação da GKP está sujeita a um mecanismo de ajuste ao término do ano de 2026, podendo variar entre 5,89% e 8,11%, mediante o cumprimento de metas da Alea.
No acordo de acionistas, ficou estabelecido que a GK está assegurada sob determinados mecanismos de liquidez caso a Alea não realize uma oferta pública de ações (IPO) dentro de um horizonte de seis anos.
Sobre essa possibilidade, Osmo disse que entende que ainda não é momento, mas que “claramente é uma alternativa muito interessante” justamente por avaliar que a Alea existe em um cenário muito menos competitivo. A possibilidade se desenha para daqui dois anos.
Segundo a companhia, a participação da Alea representa hoje R$ 8,20 da ação da Tenda que custa R$ 12,48 por ação.
Para 2025, a missão é entregar margem ao invés de crescimento e velocidade de vendas, além de gerenciar a perspectiva inflacionária e buscar melhores oportunidades para compra de terrenos.
Mantendo os níveis saudáveis e os números compartilhados pela companhia, para o próximo ano é esperado uma distribuição de dividendos equivalente ao mínimo obrigatório, de 25%. Em 2026, com a redução total da dívida, será possível pensar em distribuições maiores.
Nesta terça-feira (17), as ações da Tenda subiram 7,26%,a R$ 13,45.